segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Das conversas imbecis.

 
Domingo, 19h30. Música aos berros, Baby Caco idem. Tocam à campainha.
 
Olho pelo óculo da porta e vejo o vizinho do 2º direito."Foda-se. Exagerei no volume. Já me vai dar cabo da cabeça. Vou dizer que estava a tomar banho e que foi o bebé que se atirou às colunas", pensei. Espera, ainda estou de pijama. Não posso dizer que estava a tomar banho e depois aparecer à porta de pijama.... Se calhar, posso. As probabilidades de vir a ter uma relação especial com ele são iguais às do George Clooney me telefonar para irmos comer uns croissants ao Careca.
 
Ok, vou de pijama, que se lixe. Espera... mas este é daqueles com bonequinhos. Ok, tudo controlado. A resposta do parágrafo anterior também é válida para esta situação.
 
- Boa tarde. Desculpe vizinha.... a minha mulher deixou cair a esfregona no seu terraço...
- Ok, não se preocupe, eu vou buscar (foda-se... outra vez???!? Ainda no mês passado fez a mesma merda... é o que dá andar a atirar o lixo pela varanda...). 
 
(Trago a esfregona a pingar dentro de um saco do Continente enquanto deixo um rasto pela cozinha fora, à custa das pantufas que acabei de encharcar).
 
- Muito obrigada.
- Ora essa, não custa nada! (se esta merda volta a acontecer juro que ta levo lá cima só para a esfregar no nariz da tua mulher). 
- Olhe, já agora... ontem à tardinha não tinha uns mosquitos pretos pequeninos em casa?
- Não.... mosquitos como?
- Assim pretos, pequeninos.
- Pequeninos? Não... Vi foi duas melgas... até estranhei nesta altura do ano... 
- Não... estes são pequeninos. Muito pequeninos e não têm asas.
- Assim tipo aqueles da fruta?
- Não, mais pequenos.
- E fazem barulho?
- Não, nem se ouvem...

(então se não se ouvem e são pequeninos, porque raio é que me estás a foder a cabeça, logo agora que estava a curtir esta música?!?).
 
- São pequenos, mas incomodam. Eh pá, tinha a casa cheia disso... Queria saber se também teve esse problema.
- Não, por aqui só duas melgas (sem contar consigo).
- Ok, obrigada e desculpe.
 
Despedimo-nos e fechei a porta. "Raio de conversa imbecil", pensei. Mas logo a seguir lembrei-me que este é o mesmo vizinho com quem estive no inverno passado nas escadas do prédio a discutir os problemas da rega do jardim para, quase hora e meia depois, chegarmos à conclusão que a culpa era da relva. "Da relva?", perguntei eu. Ao que ele respondeu: "Sim, é comichenta".
 
E eu fiquei ali torcida, a arroxear e a olhar fixamente para um ponto em concreto (só para me concentrar), morta por me atirar ao chão e rebentar a rir à gargalhada. Daquelas que, apesar de não terem asas nem serem pretas, são grandes e fazem muito barulho. 

4 comentários:

  1. São mosquitos pequeninos, não têm asas (????), são pretos e não fazem barulho.

    Há pessoas com muito tempo entre mãos, de facto.

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  2. na minha terra mosquitos pequeninos, pretos e sem asas chamam-se carraças... :-)

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Deita cá para fora!