Pessoas, humanos desta galáxia, por amor da Santa, inventem um organismo qualquer capaz de controlar as actividades que as escolas encomendam aos pais para fazer em casa, EM CONJUNTO, com as suas criaturas.
E eu digo EM CONJUNTO com MAIÚSCULAS, porque o que se anda a passar nas escolas deste país fora é um autêntico ultraje, merecedor de ser punido por lei e discutido nas barras dos tribunais. Ok, se calhar, bastaria ser discutido nas reuniões de condomínio, mas prontos, uma pessoa indigna-se.
Pois Caco Boy trouxe um trabalho de casa muito fofinho. A ideia era construir um presépio com materiais recicláveis, juntamente com os pais. Até aqui tudo bem. Juntei umas rolhas, uns restos de cartolina, umas bolotas, umas pinhas e mais não sei o quê e pus mãos à obra. Tudo estava a correr bem e Caco Boy estava a colaborar. Só que isto aconteceu durante os primeiros..... 5 minutos.
Ou seja, disse "é giro sim senhor", aproximou-se da mesa, pegou numas canetas de feltro, desenhou o burro e um emoji e foi assolapar-se no sofá para continuar a ver o Marshall a apagar fogos ou lá o que ele faz. Ao que eu pergunto para onde é que ele pensava ir sem desenhar o raio da vaca que - em qualquer presépio do mundo - está deitada ao lado do boi. (Nesta altura confesso que tive dúvidas se era mesmo uma vaca, porque não me lembrava das manchas, mas depois confirmei que não se trata de uma vaca turina, mas sim de uma vaca barrosela).
Adiante.
Ele responde que não queria vaca nenhuma, que queria uma "carinha" referindo-se ao puto do emoji. Disse-lhe que não há emojis nos presépios, que precisava era de uma vaca e ele, para contextualizar, mandou-me pastar.
Isto para dizer que acabei por fazer tudo sozinha e achar que o resultado tinha ficado lindo de morrer. Qual a minha surpresa quando chego à escola e dou com uma trupe de presépios tirados de uma revista, daqueles que os pais as mães ficaram dias a fio a preparar, com um rigor de quem não faz mais nada na vida, tirando trabalhos DIY, cupcakes e bainhas.
As preciosidades eram de tal ordem que, hoje de manhã, mais de metade dos presépios já tinham sido levados para uma exposição na Câmara Municipal. E lá ficou o meu, meio perdido no meio dos outros cinco fajutos que sobraram.
Ora bem, no final de contas, é óbvio que nenhuma destas obras de arte de que vos falo teve sequer um pionés feito pela criatura. Assim sendo, aquilo que era para ser um trabalho familiar, transformou-se numa "guerra" camuflada de competição saudável, para ver quem é o pai que tem a pilinha maior o presépio mai lindo.
Deixo-vos apenas um exemplo que ficou lá esquecido esta manhã, mas que, a esta hora, já está certamente junto dos outros, refastelado na exposição da Câmara Municipal.
Amén.