Já vou avisando os mais púdicos que hoje é melhor ficarem por aqui, vão até ali à cruzinha do canto, cliquem e sigam as vossas vidas como se isto não tivesse acontecido. O resto, se não tiver medo de ficar traumatizado, pode ficar para ouvir.
O que vou contar prende-se com o meu mais recente inferno desafio: o regresso ao ginásio.
Pois na semana passada, ao chegar ao balneário depois de uma hora de castigo, dirijo-me ao meu cacifo e percebo que, surpreendentemente, mais de uma dezena de mulheres decidiram fazer o mesmo, sendo que o resultado era uma data de mulherio a despir-se e a vestir-se num mísero metro quadrado.
Para as mentes masculinas, isto será certamente o nirvana do regabofe, mas para nós, mulheres, era só arranjar meia dúzia de ciganas e num piscar de olhos transformava-se na feira de Custóias. Ainda hesitei se deveria tentar enfiar-me ali no meio da galinhagem ou fazer outra coisa qualquer mas, de repente, no estado miserável em que me encontrava, não me ocorreu nada melhor para fazer do que tirar aqueles trapos suados e enfiar-me no primeiro chuveiro que encontrasse.
Assim fiz. Agarrei em mim e tentei encolher-me o mais possível para caber no pouco espaço que me restava. Ao meu lado, tinha gajas aos molhos - umas suadas, outras de banho tomado, umas gordas, outras magras, umas de slips, outras de cu ao léu. Enfim, de tudo, como na farmácia. Vai daí, decido sentar-me nos 3 cm de banco disponíveis, ao mesmo tempo que fazia acrobacias para tentar tirar as tralhas do cacifo. Se conseguem imaginar a cena, estando eu sentada, o meu campo de visão esbarrava precisamente com a zona dos pipis de quem estava de pé.
Pois eu não faço ideia qual é o vosso comportamento nestes ambientes, mas quando me dispo em lugares públicos - coisa que felizmente não é assim tão frequente - não gosto de andar para ali propriamente a badalar o berbigão pelas redondezas.
Qual a minha surpresa, quando a fulana que estava imediatamente à minha frente, pelada como veio ao mundo, decide escarrapachar a pássara na frente dos meus olhos, enquanto discutia alegremente o tom da base com a colega do lado. Inicialmente pensei: vou fingir que isto não está acontecer e continuo nesta espécie de treino para o Cirque de Soleil, mas sem respirar. Rapidamente percebi que era tarefa inglória. Não só porque tinha um pipi a rir-se para mim a um palmo do meu nariz, como aquilo não era um pipi qualquer.
Digamos que era mais um mexilhão, daqueles que se apanham nos mares do caranguejo real do Alasca. Uma coisa nunca vista. Gigantesca. Digna de um documentário no National Geographic. Na verdade, não era bem só um mexilhão. Eram dois mexilhões. Dos grandes. Não, dos gigantes. Tamanho XXXL. Daqueles que nos questionamos como é que ela consegue correr sem tropeçar neles.
Com muito esforço, lá consegui despir-me, enfiar-me no chuveiro - de água fria a ver se apagava aquela imagem da cabeça - e vim à minha vida. Felizmente recuperei e, até ver, ainda não tive pesadelos com pipis gigantes a correr atrás de mim até me atirar no primeiro penhasco que encontro, mas confesso que tremo só de pensar na ideia de voltar ao balneário.