quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Dá-se o caso que este fim de semana é jeitoso para...



No tempo em que Miss Caco ainda lia muitos blogues, havia dois por onde passava religiosamente todos os dias. Este (que, sem me conhecer de lado nenhum, um dia fez-me uma homenagem linda que podem ver no link) e este

Com muita pena minha, nenhum deles existe actualmente e confesso que ao partirem, curiosamente no mesmo ano, fiquei um bocadinho triste e desiludida com a blogosfera. Sim, que Miss Caco não tem rosto, mas tem coração e, parecendo que não, a gente apega-se às pessoas e depois sofre quando  deixa de receber notícias. 

No entretanto, bem sei que vai custar, mas vão- se preparando para sofrer o maior desgosto das vossas vidas no dia em que decidir reformar-me, tornar-me vegan e partir para cultivar cogumelos mágicos numa casa perdida nos confins deste país, sem água potável nem acesso à internet. 

Vou nada. Vão levar com isto até estar toda carcomida e cheia de artroses, mas linda na mesma. Sim, porque o tempo passa por Miss Caco, mas Miss Caco não passa pelo tempo. Ou vive-versa. Decidam vocês.

Isto para dizer que um desses blogues tinha uma rubrica que eu adorava e que vou tentar reproduzir aqui hoje. Chamava-se "Domingo é um bom dia para..." e se vocês gostarem, quem sabe, até penso em manter. 

Para poder dizer que fui lá "inspirar-me" (termo que está muito na moda quando queremos roubar uma ideia mas dói muito admitir, mais ou menos como quando a Cristina vai inspirar- se no programa da Ellen Lee DeGeneres), a minha rubrica vai chamar-se "Dá-se o caso que este fim de semana é jeitoso para...", sendo assim uma espécie de sugestões de coisas e cenas para fazer enquanto a vossa vida acontece. 

O que na prática, contas feitas, significa chapar-nos na tromba que passamos a ter menos dois dias de existência, portanto, o melhor é aproveitá-los bem.

Ora então vamos lá a isto:

(Lancem as serpentinas)

Declaro aberto o primeiro "Dá-se o caso que este fim de semana é jeitoso para..."

Por hoje é tudo. Agora vão à vossa vida.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Wandson, isso é p´ra você.


Gentxi, pára tudo! Não sei se isto qui vou falá é novidadji pra ocêis, mas si é, então numa sociedadji em qui todo mundo tá procurando a felicidadji,  vossa vida tá passando ao lado de uma pílula milagrosa com o podê dji fazê rir e surpreendê, tudo ao mêsmo tempo. 

Quê?? Porque tô falando com sotaque squisito?!?

Não liga, não.... bobagem... Isso é porqui ainda tou sob o efeito dos stories desta criatura dji Deus aqui na foto em cima. 

Ok, vou pará. Ai qui até quero, juro qui quero, mas não tou consiguindo, não... Ai, gentxi, me ajuda aí, qui tô ficando tensa (*).

Ok, acho qui já passô...

Tá tudo bem, tu também tá tudo bem, vamos ver si tu tá bem....Bem, bem, bem, bem.

Ok, tá controlado. Pelo menos, tô achando.... 

Ou melhor... acho.

Sim, passou.

Agora a sério. Miss Caco anda de olho no trabalho deste moço há uns tempos largos. Chama-se Wandson Lisboa, é um criativo brasileiro que veio do Maranhão, Brasil, para morar no Porto e montar um negócio de pãozinho de queijo.

Brincadeirinha. Ele veio mesmo para tornar o povo português no mais alegre do planeta, sendo que em 2015 o "The Huffington Post" - que não anda a dormir - considerou-o um dos cinco instagrammers portugueses mais criativos do mundo, o que não admira, como podem confirmar aqui.

Para quem ainda não conhece, o Wandson não é só um poço de criatividade, embora, por si só, isso já chegasse. Além de ter muita graça e um olhar out of the box sobre tudo o que mexe, é de uma simplicidade contagiante que deixa qualquer um enamorado.

Faz uma espécie de análise da vida quotidiana que mistura alguma ingenuidade, com uma beleza até meio infantil (com o que isso tem de bom), e ao mesmo tempo hilariante e genuína.

Os stories, que ganham vida própria e invadem em massa a sua conta de instagram (e a minha), são de uma genialidade invulgar e deixam-nos esmagados com a capacidade de transformar um simples episódio do dia-a-dia, como a compra de um frigorífico, num autêntico espectáculo de pirotecnia criativa, daqueles que até dá vontade de comprar bilhete só para assistir.    

Sobre o trabalho de design criativo nem vou perder tempo a falar, que isso podem cuscar à vontade na página de instagram que vale muito a pena. e que já soma milhares de seguidores.

Quando o conheceu, Miss Caco pensou: "Este rapaz vai longe. Vou ficar aqui quietinha a apreciar o trabalho deste menino, mas ponho a cabeça a corte que, não tarda nada, está meio mundo rendido".

Vai que o Nuno Markl - sim, aquele que tem opinião formada sobre tudo quanto é filme, série, showrunner, banda sonora,  peça de Lego, livro de instruções do IKEA,  ícone da cultura pop dos anos 80, jogo de computador, baralho de cartas,  literatura francesa, bife do lombo, máquina de café, capa da Gina, blazer branco, candeeiro de pé, ou qualquer outra idiossincrasia da vida, e nos tempos livres ainda é artista de variedades, protege os animais, faz rabiscos, diz umas coisas na rádio, brinca com o filho, faz peças, escreve crónicas,  apresenta ideias, comenta assuntos e cenas, escreve argumentos e o diabo a quatro, o que só revela que, ou dorme menos do que o Marcelo, ou tem sete vidas como os gatos, com a diferença de que vive todas ao mesmo tempo - bom, este também andava de pestana aberta e vai que decide convidar o moço para "A Cave do Markl" e eu confesso que fiquei feliz da vida porque acho que o rapaz merece que alguém mostre ao mundo, de uma vez por todas, o seu maravilhoso talento.

E o resultado foi este

Olhem que lindos eles dois aqui (sim, o Wandson  e a Strada foram de emojis):

  
Quando soube, murri (**).

Posto isto, fica a saber, Wandson Lisboa, perante os milhares de seguidores aqui da barraca...

(rufem os tambores

... que a Blogger Anónima Mais Bonita deste País... 

... ama você. 

Cora, não. O ambiente ficou meio tenso (***), né?

(*) Expressão roubada do Wandson.
(**) Expressão igualmente roubada ao Wandson. 
(***) Repetição de expressão roubada ao Wandson.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A minha versão dos factos.


Pois que o mundo anda de olhos postos nestes dois e se a coisa já estava nas bocas do povo, a actuação na cerimónia dos óscares pôs o tema ao rubro. Anda tudo a cozinhar um romance, é certo, mas calma que Miss Caco tem alguma coisa a acrescentar sobre este sururu.

E o que tenho a dizer é que neste preciso momento, enquanto estais aqui a perder tempo a sorver conhecimento, aos olhos do mulherio deste planeta e de toda a estratosfera, se Bradley Cooper fosse uma ação da bolsa, estaria a valer mais do que o presidente da Amazon.

Esta criatura bem pode viver mais vidas do que o gato do Lagerfeld que nunca mais terá um pico de popularidade como agora, por isso é bom que o faça render e, a meu ver, é precisamente isso que tem feito.

"Ah, mas está-se mesmo a ver que ali rolou clima e a outra devia estar fula da vida, sentada naquela cadeira, a espumar-se, enquanto o seu pequeno cérebro fervilhava a melhor forma de fazer com que a Gaga aparecesse morta no dia seguinte, no quarto de hotel, para que o mundo acordasse a pensar que se suicidou, consciente de que jamais conquistaria o amor de Bradley, visto que o seu coração pertencia - só e apenas -, à mulher mais bonita de São Romão do Coronado e do universo em geral".

Pois, então passemos a dissecar os dois cenários:

CENÁRIO 1 - O homem está perdido de amores pela Gaga. 

a) Ok, está perdido de amores, mas não pode pôr uns patins na russa porque, assim de repente, dá bandeira porque a Gaga até acabou de se separar e depois fica tudo a pensar que se apaixonaram durante o filme, o que não é verdade, portanto, vamos engonhar este fingimento mais um tempo e lá para o Natal aparecemos juntos, como se o cupido tivesse aparecido de surpresa e não tivéssemos tido tempo de controlar a coisa? 

Ridículo. O mundo iria perceber e seria ainda pior para a sua reputação/valor de mercado.

b) Ok, está perdido de amores, mas não pode pôr uns patins à russa, porque a mãe dele adora-a e ele não consegue dar-lhe esse desgosto porque a ama mais do que tudo na vida e, só por isso, vai fazer o esforço de acordar com a Irina até ao fim dos seus dias, mesmo quando já estiver reformado a criar ovelhas num campo perdido nos confins do Minnesota?

Duvidoso.

c) Ok, está perdido de amores, mas não pode pôr uns patins à russa porque ela contratou um cartel da Fratellanza Solncevskaja, uma potente organização criminosa dirigida por ex-membros da KGB, que o ameaçam cortar às postas fininhas e servir de entrada nos manjares que a gata do Lagerfeld vai dar durante as suas sete vidas?

Altamente improvável.  

d) Ok, está perdido de amores, mas não pode pôr uns patins à russa porque tem pena dela e acha que se isso acontecer, vai acabar caída numa sarjeta, entupida de anti depressivos, porque já não basta ver o Ronaldo casado com uma sopeira, para agora ser trocada por outra que, para se vingar dos tempos em que era gozada na escola por ter cara de cavalo, achou por bem vestir-se com oito quilos de bife do cachaço, que toda a gente sabe que é carne de segunda categoria? 

Dubitável.

CENÁRIO 2 - O homem está a alimentar este hipotético romance com  a Gaga para ganhar ainda mais protagonismo, mas a verdade é que o seu coração pertence à Irina.

Este parece-me ser o cenário real. Quer dizer, o coração pode não pertencer totalmente à Irina, até porque todas nós vimos esta foto que certamente é mais uma peça desta estratégia de marketing que faz do Bradley, não só o homem mais cobiçado do planeta, como o mais fofinho, amoroso e sensível porque - imagine-se - até trouxe a mãe para a cerimónia.


Isto ganha ainda mais força, se pensarmos que na plateia estavam os três sentadinhos, com a Irina no meio, como quem diz: "Falem, falem, mas eu é que sou a presidente da junta".

É certo que não sei se Miss Caco estaria à altura para representar este papel, sobretudo porque não saberia que expressão escolher para o momento da actuação. Se sorrisse, pensariam que era um risinho nervoso, que não conseguia deixar de transparecer o real cagaço do mundo estar a assistir à minha saída de cena... mas em patins, no lugar dos stilettos. Se ficasse de trombas, então era porque estava realmente fodida e só estava ali porque o meu advogado não tinha tido tempo para elaborar o acordo de divórcio. Se não fizesse expressão nenhuma, era porque coiso.


Meio mundo a analisar as expressões do trio e o outro meio a pensar como raio é que a Irina consegue manter aquele corpaço.. 

Posto isto, Miss Caco conclui que estamos perante um fabuloso golpe de marketing que favorece todas as partes envolvidas.

Portanto, agora vou à minha vida que, apesar de não perceber como, ainda ninguém me paga para isto.

(...)

No entanto, como o seguro morreu de velho, se Miss Caco estivesse no lugar da Irina, assim que entrasse pela porta de casa, agarrava numa G3, encostava-a às têmporas e obrigava-o a assinar um documento onde deixasse explícito que, no caso de me deixar pela cara de cavalo, todos os lucros provenientes deste golpe seriam imediatamente creditados numa conta em meu nome nas ilhas Cayman. 

Só assim naquela, para saber quem manda.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Quando achamos que já sabemos tudo sobre o Amor.


Ontem à noite vi este filme no canal Hollywood. Chama-se "Uma História de Amor" (Her) e a única coisa que sabia sobre ele é que tinha ganho o Óscar de Melhor Argumento Original, em 2014. Tirando isto, não tinha qualquer expectativa.

A história é sobre Theodore (Joaquin Phoenix), um homem que se apaixona por um sistema operativo (sim, um "computador"), aqui representado pela voz de uma mulher, Samantha, brilhantemente emprestada por Scarlett Johansson. Isto assim, à partida, parece um argumento um bocado ridículo e confesso que, no início, foi exactamente o que pensei.

É certo que não vou ao cinema há algum tempo e que, nos últimos seis anos, a tv lá de casa é dominada pelo Nick Jr., mas não me recordo de ter visto um filme que me deixasse a pensar desta maneira ou que me envolvesse tanto nos últimos tempos. Esta é uma história maioritariamente sobre amor e paixão, mas, a meu ver, é quase um tratado sobre a solidão, sobre a nossa crescente dependência da tecnologia e sobretudo uma gigante lição para quem acha que já sabe tudo sobre o Amor.

Há várias coisas no filme que me impressionaram. Logo no início, a profissão de Theodore. Ele é um homem solitário e sensível que escreve cartas para pessoas que não têm tempo, nem jeito, para expressar emoções. Só este pequeno - grande - detalhe já tem muito que se lhe diga e eu poderia ficar o resto do post a falar sobre isto, mas não posso porque tenho roupa para estender e convém aproveitar o solinho.

Theodore apaixona-se por um computador e é aqui que começa o ridículo do enredo que põe qualquer céptico radical como eu a achar que vai sair dali uma valente treta. 

Só que não.

E é isto que torna o filme maravilhoso. A capacidade com que nos deslumbra, que nos faz voltar atrás e reconhecer a beleza dos detalhes desta história. Aos poucos, vamos ficando envolvidos numa inusitada e complexa relação que, a certa altura, somos forçados a reconhecer que, no fundo, não seria totalmente impossível de acontecer. É uma espécie de poesia à volta do conceito de solidão, que ao mesmo tempo explora o ciúme, a possessão, a distância, e representa uma poderosíssima reflexão sobre a natureza do amor.

Theodore e "Samantha"
Um detalhe curioso é que Scarlett Johansson não aparece em nenhuma cena mas, no entanto, está tudo tão bem construído que nunca duvidamos da sua existência. E neste ponto em concreto, o filme fez-me lembrar a reportagem da SIC "A Rede" (que, já agora, para quem não viu, aviso já que devia ser obrigatória, sobretudo em qualquer disciplina das escolas secundárias deste país).
Hoje, ao pesquisar sobre o filme, encontrei várias críticas e interpretações. Algumas dizem que é sobre a crescente importância das redes sociais e da tecnologia nas nossas vidas, outras sobre a solidão, outras sobre o amor, a procura da felicidade ou sobre a ilusão. Eu acho que é uma brilhante mistura de tudo isto e acho que é, sobretudo, um filme com uma mensagem que nos deixa a reflectir.
E só por isso, por mim, já cumpriu o seu propósito. E bem.
Fiquem com o trailer aqui (reparem na melancolia da banda sonora, com músicas de Arcade Fire, sendo que a faixa "When you Know You´re Gonna Die", foi gravada exclusivamente para o filme) e com algumas quotes que, na altura, tive pena de não ter uma caneta à mão para as poder guardar, mas pronto, agora já está.

Hããã?? Deixem lá isso, não precisam agradecer:

Exacto.


Esta foi uma das que tive pena de não poder escrever.


Talvez o momento mais crítico do filme.


A magnífica carta para a ex-mulher. Está aqui tudo.

Agora oiçam aqui uma das músicas que compõem a banda sonora. Chama-se "The Moon Song" e foi nomeada para Melhor Canção Original. Por aqui abaixo, deixo algumas ilustrações que acho absolutamente encantadoras:






Para quem não tem forma de sacar o filme de outra maneira qualquer, fui cuscar, e conferi que o canal Hollywood vai repetir dia 31 de março, domingo, às 23h35. Eu sei, é uma hora de caca, mas é o que há. Se forem finos, e não aguentarem até lá, saquem-no de outra maneira qualquer, nem que seja ilegal, que sobre isso já não quero saber, ou então perguntem à minha empregada que ela sabe tudo sobre aquela coisa da box, de puxar atrás e à frente, que eu nessas coisas sou uma nódoa, mas também ninguém é perfeito.

Embora, às vezes, eu até pareça.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Passei mais de um ano a dormir com o Morfeu. E o meu marido sabe.


Bem sei que não se nota muito, mas quem me conhece sabe que Miss Caco passou, nos últimos dois anos, pelo pior período da sua existência e, por causa disso, pela primeira vez na vida, tive problemas de sono. O registo era mais ou menos este: vá que até conseguia adormecer, mas lá para as duas ou três da manhã acordava e aquilo era ver as horas a correr pelo ecrã do telemóvel a fora, até o dia raiar.

A coisa lá se ia levando com um ansiolítico fraquinho que a médica me tinha receitado e que, no meu caso, até me dava alguma sonolência, mas eis que chega um dia em que o dito tinha acabado e eu dei comigo, às dez da noite, sem nada para tomar e já a pensar que aquilo ia ser uma rambóia bonita, de pestana aberta, a macacar tudo quanto é desgraça pela madrugada a fora.

Era domingo à noite, estava a passar o fim de semana em casa de uma amiga com o meu filho, e perguntei-lhe se tinha alguma coisa que me ajudasse a dormir, mas fui avisando que não queria aqueles "Vald%$#ts da treta", cheios de carneirinhos na embalagem e com um casal lindo a ferrar um valente galho numas almofadas fofinhas, com aspecto de quem está a dormir e a ser massajado nos pés ao mesmo tempo, mas que, vai-se a ver, tomar aquilo ou duas embalagens de Smarties é praticamente a mesma coisa. 

Ela disse-me que tinha um comprimido óptimo, para o ir buscar a uma cesta amarela, em cima do armário do corredor. Ao que respondo: "É preciso receita médica ou é de venda livre ? Sim, que se isto é de venda livre, prefiro mandar abaixo meia garrafa de ginginha, que, assim com´ássim, sei com o que conto". Respondeu-me que era de venda livre. Torci o nariz e disse que não tomava nada daquelas tretas. 

Mas depois pensei que a ginginha se calhar não era boa ideia e entre tomar aquilo ou não tomar nada, decidi ir ao cesto amarelo e procurar a embalagem do dito, sem lhe dizer nada. Eis que dou com duas caixas: uma azul e outra bordeaux. O nome era o mesmo e como eu não queria dar parte de fraca, calei-me como um rato, tirei um comprimido da azul e fui à minha vida.

Sei que deve ter passado uma meia hora quando começo a sentir o maxilar inferior a ficar meio dormente, uma certa e determinada dificuldade em articular palavras, até que me começa a tombar uma sonolência pela espinha dorsal abaixo, que eu achei que não valia a pena pensar no que ia fazer para o jantar do dia seguinte, porque o meu próximo passo era esbardalhar os queixos no meio da tijoleira da cozinha e depois disso, um Cerelac devia ser suficiente.

A custo, fui até à entrada da sala, onde a minha amiga estava deitada no sofá, e só tive tempo de dizer: "Vai-me deitar o miúdo que eu tenho de csx&%ccczzzww...". Não me lembro de ter terminado a frase. Fui pelo corredor a fora aos ziguezagues, com o intuito de ir lavar os dentes, mas a pancada era de tal ordem que passei uma majestosa tanja à porta da casa de banho, avancei para o quarto, sem passar pela casa da partida, e só parei quando caí na cama, com metade do meu cérebro a insultar a minha amiga e a outra metade a pensar que ia falecer. A boa notícia é que, ao menos, era sem dor.

Demorei uns nanosegundos a perceber que Morfeu me tinha enfiado com um pau pelo lombo abaixo e adormeci como um calhau  meteorito, de tal forma que quando acordei, com a almofada toda babada, pensei que já era Natal e estávamos em 2023. A sonolência permanecia. Arranjei-me, vesti o miúdo, entreguei-o na escola - com uma meia de cada cor e com o escorredor da cozinha enfiado na cabeça (não tive culpa, era da mesma cor que o gorro) -  fui trabalhar, e só lá para o meio-dia é que já me sentia capaz de dizer a tabuada dos quatro.

12h01 - Liguei à minha amiga. Insultei- a ela e à família até à eternidade. Contratei duas ciganas e mandei rogar duas pragas daquelas que duram três gerações. Não, não contratei nada. Elas é que estavam à porta do meu escritório e comprei-lhes uns Ray-Ban, mas depois as letras saíram e arrependi-me. 

Desfeito o engano, ela explicou-me que eu tinha tomado um comprimido da caixa mais forte (a azul), quando, na verdade, devia ter tomado da caixa mais fraca, (a bordeaux). Insultei-a mais um bocado, mas como não tinha receita médica para pedir o ansiolítico a que estava habituada, naquela noite decidi dar o benefício da dúvida e tomei o comprimido da caixa bordeaux.

Meus amigos, aquilo foi remédio santo. Posso dizer-vos que a minha relação com esta pílula celestial que dá pelo nome de Dormidina (CAIXA BORDEAUX), durou cerca de um ano. Passei a adormecer de forma incrivelmente natural e a acordar lindamente no dia seguinte, como se nunca tivesse tomado nada na vida. 

Durante este período, não houve dia nenhum que não pensasse: "Isto é muito bonito, sim senhora, não preciso de receita médica nem o carago, mas no dia em que eu decidir largar esta treta, estou mais agarrada a isto do que o Bruno de Carvalho à Presidência do Sporting".

Aquilo lá andou, até que há cerca de quinze dias, esperei por um fim de semana, não tomei, e fiquei à cuca, só assim a ver no que dava. E vai que deu. E vai que até agora tenho dormido certinho. E já lá vão quinze dias e, ao dia de hoje, já posso dizer:

"Olá, eu sou Miss Caco, tenho 45 anos, peso 53 kg, sou linda como só Deus sabe, e estou há 16 dias sem precisar tomar Dormidina".

Portanto, se alguém anda por aqui com os sonos trocados, a minha experiência foi esta. Avancem sem medo com a caixa bordeaux. Já em relação à azul, avancem na mesma. 

Nunca se sabe o dia em que a sogra decide ir dormir lá a casa.

Mentirinha. Amo a minha sogra de coração. E ela sabe. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

E os Prémios "Miss Caco" vão para...


A semana passada houve uma gala, daquelas em que vai tudo aprumadinho, não vá receber-se algum prémio e depois vai-se a ver e não estamos à altura da ocasião. 

Pois que houve outfits lindos, merecedores da nossa admiração, mas na impossibilidade de vir cá comentar todos, Miss Caco escolheu os melhores. Não foi fácil, é certo, foram horas inteiras nisto, mas há trabalho para ser feito e alguém tem de o fazer.

Aqui estão os meus eleitos:


Eu pertenço ao coro de Sto. Amaro de Oeiras e ele é licenciado em engenharia informática pela UM. Passámos a lua-de-mel nas Maldivas, mas não se nota muito porque ele é vampiro em part-time.


Alfredo, faz aquele ar de gigolô que combinámos em casa e deixa o resto comigo. Com estes restos de alface frisada que sobrou do almoço de ontem a adornar o chapéu, é impossível que não nos deixem entrar.


Eu só tenho 32 anos, mas achei por bem vir de avó.


Oh, mulhere, só tens um simples vestido preto? Agarra no farrapo de tule que sobrou da festa de Halloween da Moita, atas com um baraço à cintura e está feito.


Eu tinha um baptizado, mas como vi tanta gente à porta, decidi vir ver o que era.


- Oh, mor, como assim ir a uma festa?!? Ainda agora me levantei... 
- Cala-te e anda assim mesmo. Isso só tu e eu é que sabemos.


Eu estava responsável pela montagem dos carrinhos de choque da Feira de Carcavelos, mas depois disseram-me que havia cerveja à borla. Então pedi o fato emprestado ao Zé das Rolas, que desde que começou a encomendar aqueles baldes de proteína lá no ginásio da Buraca ficou a vestir o mesmo que eu, e decidi vir ver como param as modas.  


É sempre um bom investimento. Levo para a gala e depois é só pintar a cara de branco e dá para ir de palhaço rico no Carnaval de Loures. 


Algum dia ia dar uso a este napperon.


Eu estava em 1986 mas aquilo lá era uma maçada.


Eu avisei-te que no chinês há vestidos de gala lindos. Agora, para o que me aconteceu aqui nas ancas é que ainda não encontrei solução...


Só para o caso de haver por aqui alguém que não acredite na reencarnação.


Ok, com a pressa enfiei os dedos na tomada, mas tirando isso, estou impecável.

Nota: Os meus agradecimentos à Starsonline que me cedeu as fotos sem que eu as tivesse pedido emprestadas e que, btw, estão lindas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Ponham os olhos nisto.


Ando há mais de um ano a acompanhar este trabalho e, se soubesse que ia dar nisto, tinha investido todas as minhas poupanças no desenvolvimento desta ideia e ainda pedia emprestado ao banco.

Passei a minha infância em Vila Real de Trás-os-Montes, por isso, a loiça de barro preta é algo que me é bastante familiar. Lembro-me do sabor do arroz de forno, cozido numa espécie de terrina de barro escura que ainda anda lá por casa dos meus pais, e de um comerciante que montava a tenda numa rotunda à entrada da cidade e enchia o passeio com peças deste barro negro. 

Estou a falar-vos da olaria negra de Bisalhães que, em novembro de 2016, foi declarada Património Cultural Imaterial pela Unesco. 

Há uns anos - poucos - descobri o trabalho da Bisarro (junção das palavras Bisalhães e barro) e fiquei de olho naquilo. Em mais lado nenhum do país ou do mundo encontrei algo semelhante. Volta e meia lá me apareciam as peças e eu ficava sempre surpreendida com a sua beleza. 

Hoje dei com esta reportagem no Expresso e, de facto, estou absolutamente rendida a estes objectos maravilhosos e de extremo bom gosto, até porque fiquei a saber que dos poucos artesãos que conheciam os segredos deste arte, apenas quatro existem actualmente.

E os responsáveis por este projecto são estes dois meninos aqui em baixo: Renato Costa, 26 anos, designer (que assim de ladecos até faz lembrar o Wandson Lisboa) e Daniel Pera, diretor criativo da SPAL, a quem, entretanto, se juntaram os designers Daniel Bacelar Pereira e Micael Bacelar Pereira (podem bater palminhas).



Estes anjos conseguiram trazer uma tradição linda e secular até aos nossos dias, com peças de um design absolutamente perfeito, que apesar de serem produzidas num cantinho do nosso país, estão a ser muito admiradas por este mundo fora.  

Por mim, a quem esta cerâmica traz tantas memórias, juro que chego a comover-me com tanta beleza.

Esqueçam por um momento o CR7 e digam lá se isto não é um orgulho gigante para todos nós:

 



Para o caso de quererem saber onde encontrar estas jóias:

Porta 16 - Concept Store
facebook.com/porta16.store/

- Banema Studio (Porto)
www.banemastudio.pt

- A.CAL (Beja)
www.a-cal.pt

- CRIVART
http://crivart.pt/

- DOME Ethical Store
www.dome-store.pt/

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Isto é da minha cabeça?!?


... ou anda meio mundo a postar fotos e a fazer stories por esse instagram a fora com aquelas aplicações maradas que, se por um lado, lhes tiram vinte anos da fronha, por outro, ficam iguais ao Alvin e aos esquilos?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Abram alas ao Rolls Royce da pasta de dentes.


Quem nunca se apaixonou pelo rapaz da escola que, no início, não podia ver nem pintado que atire o primeiro calhau.

Pois isto foi o que me aconteceu com esta pasta de dentes e certamente - aviso já - é o que vos vai acontecer, se alguma vez experimentarem.

Tem um sabor agradável?
- Não. Está assim ao nível do iogurte estragado, mas para melhor.

É suave?
- Não. Parece uma espécie de betume cor de rosinha.

Tem um nome bonito, daqueles que temos vontade de dar ao próximo filho?
- Não. Chama-se Parodontax (aposto que se vão trocar todos quando forem comprar e vão pedir um Panoramix, mas prontos, antes isso que um Porsche Panamera que é bem mais caro).

É mais barata que as outras pastas do mercado?
Nem por isso, mas lava tão bem que desconfio que se usarmos só uma vez por mês, faz mais do que as outras no ano inteiro.

Então qual é a vantagem?, perguntam vocês. E eu compreendo.

A vantagem é que apesar da primeira reacção não ser brilhante, o resultado final é basicamente como se os vossos dentes tivessem entrado naquelas máquinas de lavagem automática dos carros, ao mesmo tempo que o Pai Natal ordena a centenas de duendes que se pendurem naqueles "escovilhões gigantes", com um Scotch-Brite em cada mão, a esfregar como se não houvesse amanhã.

É certo que tem um sabor assim entre o azedo e o fora de prazo, mas traz uma espécie de areiazinhas milagrosas que ao passarem nos dentes, ficam mais lisos do que o rabo de um bebé. Além disso, quando acabamos de lavar, ficamos com a sensação de que passámos a noite a mastigar aquelas árvores que dão cheirinho aos carros, com sabor a pinheiro. Mas não é um pinheiro qualquer. É dos
bons. Daqueles vistosos e robustos como há nos Alpes Suíços.

Ide ver e depois falamos. Vende-se em farmácias, mas ouvi dizer que aqui é mais barato.

Nota: Não, isto não é um post pago. Mas bem que podia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Isto não é um post. Isto é uma Carta de Amor.


Pois se pensam que venho para aqui com umas sugestões lamechas para o Dia dos Namorados, podem pegar nas botas e ir à vossa vida. Venho sim falar-vos de uma paixão que ando a nutrir dentro de mim já há algum tempo, mas que chegou a hora de a libertar, porque, como qualquer paixão, isto é coisa que nos atinge assim de repente, põe-nos a flutuar durante uns meses largos, ficamos semanas a fio a pensar nisto, noites inteiras sem pregar olho, até que não conseguimos aguentar mais e precisamos gritar ao mundo este amor que nos consome as entranhas.

Encontrei os vestidos Martine Love já não sei bem onde e fui imediatamente atingida pelo sacana do cupido, sem dó nem piedade. Se ainda não sabem o que é esta preciosidade entrem aqui, correndo o risco da vossa vida nunca mais ser a mesma, já para não falar nos divórcios com algumas peças do vosso armário que achavam que eram uma never ending story, mas que depois disto vão acabar chutadas para um canto.

Pois que estes vestidinhos de linho, lindos de tombar, um autêntico ex-libris nacional abrilhantado com os maravilhosos bordados de Viana, são cosidos à mão, têm um corte amoroso que mistura elegância com um ar vintage, o que os torna numa peça de joalharia absolutamente perfeita, daquelas que qualquer tribunal considera legítimo roubar para ter. 

Calculo que a Presidente deste Património Cultural da Humanidade ainda não o saiba, mas certamente foram desenhados a pensar em Miss Caco porque nunca vi nada que fosse tããããããooo a minha cara desde que nasceu o meu filho.

Posto isto, como não consigo esconder mais esta paixão, venho aqui implorar aos milhares de seguidores desta barraca, se não há por aqui alguém que conheça a dita Presidenta desta pérola nacional, para lhe dizer que não consigo conceber mais a minha vida sem um Martine Love perto de mim.

"Ah, mas então se é assim, porque vens aqui armada em pedinchona e não vais à loja comprar?", dizem os sete haters anónimos que andam por aqui a pairar. Pois, meus amigos, a resposta é óbvia. Uma relação de amor não pode ser construída com base em interesses financeiros e capitalistas. Assim como eu me apaixonei pela Martine Love, a Martine Love vai ter de se apaixonar por Miss Caco, para que isto se torne uma relação sincera, viçosa e duradoura. Um amor para toda a vida, como diz a outra baixinha que canta que se farta e no intervalo tem filhos.

Ai não há ninguém que conheça a Presidenta? Pronto, então podem sempre entrar à bruta pelas redes sociais adentro como esta ou esta e deixar comentários estilo: "Miss Caco ama Martine Love" ou "Miss Caco quer casar com Martine Love" ou "Miss Caco ama você".., eu sei lá, o que vos der no galheiro, desde que chegue ao conhecimento dos assessores da Presidenta.

Mas Martine, meu Tesouro, além de prometer amar-te e respeitar-te até ao resto dos meus dias, garanto-te que se chegares à conclusão que sou merecedora do teu Amor, levo-te a passear por doze cidades do mundo (Portugal pode ser considerado mundo, né?) e venho aqui postar uma foto nossa, unidas para todo o sempre, no primeiro dia de cada mês, durante os doze meses do ano. Prometo ainda oficializar a nossa relação com uma foto no Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, onde selaremos esta Paixão para todo o sempre.

Agora, sem abusar muito porque não quero pôr em risco uma relação que ainda não existe, podem sempre entreter-se a babar em cima destas fotos por aqui abaixo:

Se isto não é Amor de verdade, não sei o que vos diga.


Luisa Beirão, invejosa como só ela, não descansou enquanto não apareceu com um Martine Love. Pfff! Só que teve azar porque lhe fica pessimamen... hummm, vendo bem, não fica assim tanto...




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Descobri o meu estímulo para fazer exercício.


Quem acompanha aqui a barraca sabe que Miss Caco não faz a ponta de um corno, ao nível da movimentação muscular. Estudos recentes desenvolvidos pela prestigiada "Fundação de Desenvolvimento de Integilência Artificial Miss Caco", com sede em Silicon Valley, indicam que isto costuma dar em pessoas com uma tremenda astúcia e agilidade mental, como tal, não me queixo assim muito, até porque a genética está do meu lado e eu bem posso comer cinco javalis durante dois meses que continuo perfeita como uma Barbie.

Mas pronto, fica sempre aquela tensão no ar: "Ai, não fazes palheiro de exercício? Olha que isso faz-te mal à saúde... não tarde nada tens o Alzheimer à porta, eu se fosse a ti mexia-me porque os acidentes cardiovasculares afectam mais de 80% de população inactiva e  blá blá, blá..".

De maneiras que vou assobiando para o lado porque, na minha cabeça, a ideia de ir suar para um ginásio equivale a convidarem-me a passar três meses num campo de concentração, sem acesso ao comando, e com a televisão a passar em loop o programa do Goucha.

Mas ontem à noite, descobri uma forma de combater este problema que resolve a minha vida - nem que seja apenas uma vez por ano - mas garanto que as calorias que gastarei nesse dia, equivalem a ano e meio de RPM, às 7h da manhã, seguido de duas aulas de Body Combat.

A minha ideia é construir um pequeno ginásio, falo de uma coisa simples, tipo um mini ringue de boxe, uma almofada em formato de chouriço, daquelas que ficam penduradas no tecto, e não é preciso mais nada.

É montar isto num canto, ao fundo das escadas do prédio e é só esperar pelo dia da reunião de condomínio. Se correr como correu a minha ontem à noite, a esta hora estava firme como uma barra de ferro e chutava a Irina para um canto.

Não havendo chouriço, vazei um olho ao vizinho do 2ª esquerdo. 

Assim com´ássim,  com a capacidade que ele tem de ver coisas onde não existem, tenho p´ra mim que não lhe vai fazer assim tanta falta. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Estive num paraíso, mas voltei.



Para quem anda a planear passar uns dias à neve e já comprou bilhetes na Ryanair ou na Easyjet ou o carago, faxabor de rasgar a papelada e começar tudo de novo. Mas que raio de ideia é essa de perderem tempo em aeroportos cheios de germes, quando temos um país onde há de TUDO e com características difíceis de encontrar em outras zonas do planeta?!!? E atenção que não me refiro à Maria Leal nem aos ovos moles de Aveiro. 

Falo de uma serra maravilhosa, cujo nome foi criado há muitos anos por uns monges franciscanos que passaram três décadas em retiro espiritual - a pão e água e sem qualquer acesso ao Tinder -, só para terem a certeza de que prestavam a homenagem perfeita a Miss Caco. Sim, é mesmo essa que estão a pensar.

Miss Caco foi passar o fim de semana à Serra da Estrela e ficou num sítio magnífico, cheio de chaletzinhos lindos, a 5 minutos de um lago de cortar a respiração, exclusivo só para nós. Povo, nem vê-lo, népia de confusão e foi o delírio para Caco Boy e para os amiguinhos que passaram o tempo a descer encosta abaixo, assolapados nos trenós, enquanto nós nos emborrachávamos no bar fazíamos bonecos de neve, daqueles com cenoura no nariz e tudo.

Os chalets do Vale do Rossim Eco Resort são de tombar, têm salamandras maravilhosas que mesmo com 8 graus negativos cá fora, podemos andar de cu ao léu lá dentro, se nos der no real galheiro. Tudo isto a poucas horas de casa, sem ser preciso levar com atrasos nos voos, com malas que ficam pelo caminho ou com transfers que nunca chegam e coiso.

Como se não bastasse, quando acordam, ainda a achar que aquilo foi um sonho e que a ressaca às vezes ainda faz pior do que aquela sopa de cogumelos que provaram em Amesterdão, eis que às 07h34 vêm espreitar à janela e dão com esta vista:


 
É nesta altura que pensam em largar tudo, pedir a pré-reforma e passar o resto dos vossos dias neste paraíso, até porque estão fartinhos da vida de merda que levam e depois a natureza é que é, o mundo está perdido, não há pachorra para as conference call de segunda-feira e less is more e o raio que o parta, e afinal o Robin Sharma é que as sabia todas, de repente tudo faz sentido no "Monge que vendeu o Ferrari" e vamos já para o OLX enfiar a casa à venda e o recheio também, que diz que se pusermos tudo junto no prego, vende-se muito melhor.

Pronto. Não acreditam? Ora botai os olhos nisto:







Por fim, quando voltamos à vida real, ficamos mesmo satisfeitos por ter carregado baterias e vir com mais energia para enfrentar este mundo cão e para conversas como esta que tive ontem à noite com Caco Boy:

- Contaste à tua professora que foste passar o fim de semana à Serra da Estrela?

- Xim.

- E o que disseste que viste lá?

(Pausa)

- Humm? O que disseste?

(Pausa)

- Vinho.

Tudo isto só porque lhe dei a provar o Alvarinho Soalheiro Reserva a 23,60 euros a garrafa.

Ingrato.


Nota: a conversa com o miúdo foi real. A única coisa que é ficção é que não era um Alvarinho Soalheiro. 
(...)
Era um Conde d´Ervideira Branco e também custou os olhos da cara.