Baby Caco fez dois anos e desconfio que podem passar mais duas décadas que vou continuar deslumbrada com este milagre da vida.
Não são poucos os dias que dou comigo a olhar para ele, a observá-lo sem que perceba que o estou a fazer, e a pensar comigo própria como é que tudo isto é possível. Sim, eu sei, é meio ridículo, mas é a mais pura das verdades.
Fico fascinada a analisar as reacções, a tentar perceber que personalidade terá. Se perde muito tempo a tentar colocar uma peça de um puzzle no sítio certo, fico a pensar que vai ser uma criança persistente, se, no minuto seguinte, desiste facilmente de alcançar a chupeta em cima da mesa, penso que afinal poderá ser impaciente. Dou comigo a absorver os seus comportamentos, as reacções, a imaginar a criança e depois o adulto que se tornará.
Não tenho espaço para um amor maior. Este menino tão pequeno e que já inunda toda a minha existência. O meu menino a quem encosto os lábios no pescoço à noite enquanto lhe dou o biberon; o meu menino a quem mordo os pés sempre que mudo uma fralda; o meu menino a quem beijo a boca sempre que adormece; o meu menino que me faz vibrar quando solta uma gargalhada ou quando franze a testa todas as vezes que insiste em comer limão.
O meu menino que sorri eufórico, sempre que adivinho o que quer alcançar; o meu menino que se deita ao meu lado no tapete da sala e tenta imitar os movimentos quando faço flexões; o meu menino que me pede a mão para adormecer; o meu menino que se despede de mim à janela todas as manhãs; o meu menino que me morde as pernas todas as vezes que me vê nua e que gosta que o deixe passar creme com aquelas mãozinhas pequenas.
O mesmo menino a quem sempre que dou a mão na rua, olho para o reflexo que fazemos nas montras só porque, dois anos depois, ainda preciso confirmar que tudo isto é verdade. O mesmo menino que estou a ver crescer incrédula e num deslumbramento eterno que parece não ter fim.
O meu Menino de Amor.