quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Quando achamos que já sabemos tudo sobre o Amor.


Ontem à noite vi este filme no canal Hollywood. Chama-se "Uma História de Amor" (Her) e a única coisa que sabia sobre ele é que tinha ganho o Óscar de Melhor Argumento Original, em 2014. Tirando isto, não tinha qualquer expectativa.

A história é sobre Theodore (Joaquin Phoenix), um homem que se apaixona por um sistema operativo (sim, um "computador"), aqui representado pela voz de uma mulher, Samantha, brilhantemente emprestada por Scarlett Johansson. Isto assim, à partida, parece um argumento um bocado ridículo e confesso que, no início, foi exactamente o que pensei.

É certo que não vou ao cinema há algum tempo e que, nos últimos seis anos, a tv lá de casa é dominada pelo Nick Jr., mas não me recordo de ter visto um filme que me deixasse a pensar desta maneira ou que me envolvesse tanto nos últimos tempos. Esta é uma história maioritariamente sobre amor e paixão, mas, a meu ver, é quase um tratado sobre a solidão, sobre a nossa crescente dependência da tecnologia e sobretudo uma gigante lição para quem acha que já sabe tudo sobre o Amor.

Há várias coisas no filme que me impressionaram. Logo no início, a profissão de Theodore. Ele é um homem solitário e sensível que escreve cartas para pessoas que não têm tempo, nem jeito, para expressar emoções. Só este pequeno - grande - detalhe já tem muito que se lhe diga e eu poderia ficar o resto do post a falar sobre isto, mas não posso porque tenho roupa para estender e convém aproveitar o solinho.

Theodore apaixona-se por um computador e é aqui que começa o ridículo do enredo que põe qualquer céptico radical como eu a achar que vai sair dali uma valente treta. 

Só que não.

E é isto que torna o filme maravilhoso. A capacidade com que nos deslumbra, que nos faz voltar atrás e reconhecer a beleza dos detalhes desta história. Aos poucos, vamos ficando envolvidos numa inusitada e complexa relação que, a certa altura, somos forçados a reconhecer que, no fundo, não seria totalmente impossível de acontecer. É uma espécie de poesia à volta do conceito de solidão, que ao mesmo tempo explora o ciúme, a possessão, a distância, e representa uma poderosíssima reflexão sobre a natureza do amor.

Theodore e "Samantha"
Um detalhe curioso é que Scarlett Johansson não aparece em nenhuma cena mas, no entanto, está tudo tão bem construído que nunca duvidamos da sua existência. E neste ponto em concreto, o filme fez-me lembrar a reportagem da SIC "A Rede" (que, já agora, para quem não viu, aviso já que devia ser obrigatória, sobretudo em qualquer disciplina das escolas secundárias deste país).
Hoje, ao pesquisar sobre o filme, encontrei várias críticas e interpretações. Algumas dizem que é sobre a crescente importância das redes sociais e da tecnologia nas nossas vidas, outras sobre a solidão, outras sobre o amor, a procura da felicidade ou sobre a ilusão. Eu acho que é uma brilhante mistura de tudo isto e acho que é, sobretudo, um filme com uma mensagem que nos deixa a reflectir.
E só por isso, por mim, já cumpriu o seu propósito. E bem.
Fiquem com o trailer aqui (reparem na melancolia da banda sonora, com músicas de Arcade Fire, sendo que a faixa "When you Know You´re Gonna Die", foi gravada exclusivamente para o filme) e com algumas quotes que, na altura, tive pena de não ter uma caneta à mão para as poder guardar, mas pronto, agora já está.

Hããã?? Deixem lá isso, não precisam agradecer:

Exacto.


Esta foi uma das que tive pena de não poder escrever.


Talvez o momento mais crítico do filme.


A magnífica carta para a ex-mulher. Está aqui tudo.

Agora oiçam aqui uma das músicas que compõem a banda sonora. Chama-se "The Moon Song" e foi nomeada para Melhor Canção Original. Por aqui abaixo, deixo algumas ilustrações que acho absolutamente encantadoras:






Para quem não tem forma de sacar o filme de outra maneira qualquer, fui cuscar, e conferi que o canal Hollywood vai repetir dia 31 de março, domingo, às 23h35. Eu sei, é uma hora de caca, mas é o que há. Se forem finos, e não aguentarem até lá, saquem-no de outra maneira qualquer, nem que seja ilegal, que sobre isso já não quero saber, ou então perguntem à minha empregada que ela sabe tudo sobre aquela coisa da box, de puxar atrás e à frente, que eu nessas coisas sou uma nódoa, mas também ninguém é perfeito.

Embora, às vezes, eu até pareça.

2 comentários:

  1. Eu adoro este filme. Vi-o no cinema e ja voltei a ve-lo outra vez na televisao. A historia, a maneira como e narrado, as interpretacoes, a fotografia… e' simplesmente maravilhoso!
    Nini

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    1. Sim, é verdade. Para mim, já tem lugar no ranking dos filmes da minha vida.

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Deita cá para fora!