sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Que estilo de mãe sou eu?


Ele há aquelas "mães-galinha" que ligam por tudo e por nada. Querem saber se comeu, se dormiu, se fez cocó e de que cor era, se chorou e por aí fora. Depois há daquelas mães "cocós" que sabem de trás para a frente os mililitros de leite e os percentis desde que o bebé nasceu, que só usam fraldas da marca Y para garantir que o rabinho não assa e que esterelizam biberons até a criança fazer 5 anos. E deve haver mil e outros tipos de mães. Mas desconfio que do meu género haverá poucas. "E que género é o teu?", perguntam vocês. Pois aqui me assumo: Miss Caco, tive o meu primeiro filho há 308 dias e sou uma mãe esquizofrénica, com tendências bipolares.
 
E isto é fácil de comprovar. 
 
Quando regressei ao trabalho, deixei Baby Caco com a empregada que está comigo há quase dez anos, sendo, portanto, pessoa de grande confiança. Pelos relatos que ouvia, pensei que, assim que o deixasse, seria um tormento, ia passar o dia a olhar para o relógio e não iria suportar a distância. Mas o que acontece, desde o primeiro dia, resume-se a isto: não tenho fotos de Baby Caco na secretária, nem no monitor ou no ecrã do telemóvel. Basicamente, passo dia a fazer de conta que ele "não existe". Isto é, não telefono e evito aquelas conversas  - que dizem ser típicas das recém- mamãs - em que todos os temas desembocam em algo relacionado com a cria. 
 
De vez em quando, lá entra um sms a dizer que o vai levar à rua ou a avisar que as fraldas estão a acabar e eu respondo com um ok e um smile. Sei que Marido Caco liga com alguma frequência, por isso, das duas uma: ou a minha empregada pensa que sou uma mãe desnaturada ou deve achar que tem um vida santa porque não me tem à perna. A verdade é que, nestes dez meses de vida, Baby Caco nunca adoeceu, nem me deu preocupações que me façam vir atormentada para o trabalho e isso também ajuda a que me mantenha assim tão sossegadinha. Estamos, basicamente, perante um sistema de defesa com o qual me dou muito bem e que me permite não penar com as saudades.
 
Mas o que acontece é que, no preciso momento em que saio do escritório, sou atacada por uma saudosite aguda que me faz voar até ao metro e ficar ali na plataforma com os olhos colados no relógio ou no fim da linha, à espera de ver a carruagem aparecer. Faço a viagem a tentar distrair-me com tudo e mais alguma coisa para evitar olhar para o mapa de metro de dois em dois segundos a contar as estações que faltam. Quando, finalmente, entro na ponte Vasco da Gama esta parece-me sempre mais extensa do que a A1 e desconfio que se o autocarro avariasse, fazia os 17 km a correr mais depressa do que o Francis Obikwelu. Chego à paragem, entro no carro e ultrapasso tudo o que me aparece à frente, faço lombas a 80 km à hora e ainda estou para saber como é que estaciono na garagem sem mandar a coluna abaixo, de tal forma entro desvairada. Subo as escadas do prédio a correr, já com a chave de casa na mão, e assim que finalmente entro em casa, só falta esmagá-lo. Percebem agora o que é uma mãe esquizofrénica? É isto. 

5 comentários:

  1. achei o texto maravilhoso.
    uma mãe maravilhosa.
    Parabens.

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  2. Rreconheço-me nas palavras acima! Durante o dia estou bem, sem pensar demasiado nela! Mas na hora de sair é uma ansiedade para chegar a casa!!!

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  3. Ahahah depois começa aquela fase em que sonhas com a hora do bebé ir para a cama... que não consegues ouvir nem mais um choro... e mal o bebé adormece bate uma saudade que só apetece ir acordá-lo com beijos!!!!
    A bipolaridade vai perseguir-nos para o resto das nossas vidas :)

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Deita cá para fora!