quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Das coisas parvas que me acontecem e dos pensamentos ainda mais parvos que me ocorrem.

 

O meu calcanhar de Aquiles são velhinhos. Velhinhos e batatas assadas. Não consigo resistir-lhes. Aqui há uns tempos, no outlet de Vila do Conde, fui interpelada por uma velhinha amorosa, de bengala, a vender raminhos de alfazema. Haverá coisa mais irresistível do que esta? Perguntei-lhe quanto era, convencida de que me iria pedir para dar o que quisesse. Respondeu-me três euros. Apesar da velha ser uma ternura, achei o valor um absurdo (mesmo sendo encarado como uma esmola) e ofereci-lhe dois. Disse-me que não aceitava porque aquilo lhe dava muito trabalho (falamos de dois pés de alfazema amarrados com um cordel) e lá fui à minha vida.
 
Quando estou a sair do dito outlet, entro no carro e ao passar na porta do shopping vejo a velhinha a entrar num BMW topo de gama com uma tiazorra a conduzi-lo com ar de quem ia dali direitinha às compras na Loja das Meias do El Corte Ingles. Pensei: "olha o raio da velha, quase me ia comendo ...".
 
Hoje, no metro, entrou uma velhinha a mendigar. Coisa rara por ali. Normalmente são dois romenos de acordeão com um desgraçado de um cão no ombro, a segurar a caixinha das moedas. Lembrei-me da finória da velha de Vila do Conde, mas não resisti e acabei por lhe dar uma moeda, sendo que só não a levei para minha casa porque vinha a caminho do trabalho.

Confesso que naquele momento ainda pensei: "livra-te que eu descubra que andas a juntar para uma Louis Vuitton..". Logo a seguir questionei-me porque raio me passam coisas tão parvas pela cabeça.

3 comentários:

Deita cá para fora!