Odeio vacinas. Odeio agulhas. Odeio hospitais, centros de saúde e afins.
Desde que Baby R. nasceu, tenho sido sempre eu a levá-lo às vacinas, por isso, sei bem a angústia que é metê-lo no carro, a rir-se para mim, quando cá dentro tenho o estômago às voltas. Não adianta ficar ali a pensar que é para o bem dele e blá, blá, blá, porque o coração fica apertadinho, quase a definhar, e não há nada a fazer.
É daquelas angústias terríveis que não diminuem com o tempo. A terceira vez custou-me ainda mais que as anteriores, de tal forma que disse ao R. que não estava para passar por aquilo sozinha e portanto, para a próxima, era ele que ia levá-lo para saber o que é bom para a tosse.
Assim foi. Chegou o famigerado dia, mas - ao contrário do que tinha apregoado - não tive coragem de os mandar sozinhos. Se o berreiro fosse como os anteriores, certamente o R. não iria saber acalmá-lo. Portanto, lá fui eu artilhada com a chupeta numa mão e o Aero-Om na outra, preparada para entrar em acção ao primeiro "ai".
Entrámos no gabinete da enfermeira e decidi ficar à porta, a dar orientações ao R. sobre o que deveria fazer. Na hora H, virei-me de costas e fiquei ali a suar e a hiperventilar, à espera de o ouvir soltar as goelas com tudo a que tem direito.
Passam-se 2 minutos e nada. Ouvi apenas um discreto huggg... guuaaa... huggg. E eu, de costas, a questionar: "Mas já está?", "Já passou?". Para surpresa minha, a primeira vacina tinha sido dada sem grande alarido.
Novo round: passámos à segunda. Esta sim, pela reacção que tivera à primeira dose dada no mês anterior, seria de esperar que caísse o Carmo e a Trindade. Volto a virar-me de costas e regresso à hiperventilação. Já de lágrima no canto do olho, oiço o primeiro grito. Viro-me e vejo-o a espernear, vermelho e de goelas escancaradas. O pai pega-o ao colo e enquanto eu, desesperada, despejava o frasco milagroso pela chupeta abaixo, Baby R. começa a soluçar e a acalmar-se. Daí até se calar, passaram-se 30 segundos.
Fiquei toda contente e respirei de alívio. "Uau!!! O nosso bebé já não chora nas vacinas!!", comento com o R. que, com um ego do tamanho daqueles autocarros estilo sanfona *, responde: "Pois... foi por ter vindo com o pai".
Grrrrrrrrrrr!!!!!!!
(*) Nome popular dado em algumas regiões do Brasil ao acordeão.
(*) Nome popular dado em algumas regiões do Brasil ao acordeão.
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