Como destruir uma reputação em 3 segundos

Nas últimas semanas antes do parto tinha insónias terríveis que me faziam ficar praticamente a noite inteira acordada. Se não acreditam, perguntem-me o que quiserem sobre os poderes milagrosos da baba de caracol, as vantagens das frigideiras Ceramicor, os resultados infalíveis da cera de abelha no reumático ou a força destruidora do Onicomicose  no combate aos fungos.

Estes enriquecedores momentos de puro lazer televisivo eram intercalados por pesquisas na internet que passavam por videos de partos no YouTube, até à recolha exaustiva dos primeiros sinais de trabalho de parto. Tudo isto somado com idas à casa de banho, de 5 em 5 minutos, a noite passava-se num instantinho. Lá pelas 8h adormecia e só acordava na hora de almoço.  

 

Pois num desses dias, ao acordar, decido ligar o telemóvel e ir ao facebook cuscar as novidades do dia. Dou com uma mensagem de uma amiga a avisar-me para ir rapidamente ao meu mural porque tinha lá uma informação, no mínimo, estranha. Entrei em pânico, carreguei em todos os sítios onde não devia para tentar aceder, que é, como sabem, tudo aquilo que não se deve fazer quando se tem um ecrã táctil. Com isto, demorei meia hora a lá chegar, enquanto a sensação de estar à beira de um AVC era cada vez mais evidente. Até que finalmente consigo e dou com algo como "Fulana de tal (eu) leu o SlideShare - Saiba tudo sobre o toque vaginal". 

 

Ia morrendo. O coração cada vez mais acelerado e eu só pensava que pior do que aquilo era as águas rebentarem e eu já não ter tempo de apagar o raio da frase escarrapachada no meu mural.

 

Entretanto, aparentemente lá a consegui eliminar, mas continuava, firme e hirta, numa secção lateral da p#$% da cronologia. Duas horas e meia depois, já com a criança a dar voltas na barriga, esganada de fome, finalmente consegui apagar o rasto da catástrofe.

 

Se considerarmos que 80% dos meus contactos no facebook desconheciam a minha gravidez e provavelmente o significado de toque vaginal (algo que eu própria só soube o que era depois de entrar na condição de grávida), está-se mesmo a ver porque razão não saí de casa nem atendi telefonemas nos dias que se seguiram. 

 

Hoje, a esta distância, sei que a vida continuou mas para mim, naquele dia, o mundo inteiro comentava com honras de abertura de telejornal o meu interesse pelo universo da vagina.