quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Sobre os pais que não merecem ser pais.


Este fim de semana, levei Caco Boy  a um parque temático próximo de Lisboa.  Enquanto passeávamos pelas diversões, oiço um homem a falar alto, o que me chamou a atenção. Paro para ouvir melhor e percebo que dizia: "Estás a ver? É que te dou assim, com o punho fechado! "Estás a ouvir? É assim, com o punho fechado!". Aquilo pareceu-me algo tão impossível de estar a acontecer, ali à vista de todos, que o primeiro pensamento foi achar que era uma brincadeira. Ainda assim, parei para ver com mais atenção.

Vejo um homem entre os 40/45 anos, acompanhado da família: mulher, duas crianças e uma senhora mais velha que talvez fosse mãe ou sogra. Percebo que se dirigia a uma criança (possivelmente filho) e que gritava aquela frase de forma séria, com a mão fechada, gesticulando e, agora sem dúvida nenhuma,  a oferecer pancada ao miúdo que estava passivamente junto a um painel, daqueles com buracos para enfiar a cabeça e tirar fotos.

Nisto, oiço a mulher mais velha dizer, num tom apaziguador, :"Vá, deixa lá isso...", o que enfureceu ainda mais o homem boçal que aproveitou para mostrar mais uma vez quem mandava e grunhiu, aos berros: "ESTÁS A VER?? É ASSIM!! DE PUNHO FECHADO!!!!", enquanto punha a mão em frente à cara do miúdo.

Pensei: "Não posso ficar aqui a assistir a isto e fazer de conta que não está a acontecer... por outro lado, se vou pedir contas a um homem deste nível, o mais certo é sair dali com um soco no meio dos olhos, o que não iria mudar grande coisa - tirando o facto de vir talvez a precisar de uma nova operação de correcção do septo nasal - até porque a criança iria continuar a viver debaixo do mesmo tecto daquela besta". Acrescia o facto de eu ter metade do peso dele e estar acompanhada do meu filho... obviamente não queria criar confusões com ele a assistir.

Optei por nada fazer. O que teve todos os efeitos menos tranquilizar-me. Eles continuaram a andar, eu também, e pensei que se aquele animal era capaz de ter uma atitude daquelas num lugar público, o que faria dentro de quatro paredes com ninguém a ver. Além disso, a própria mulher e mãe/sogra assistiram e nada fizeram... Ou seja, quem controla este tipo de comportamentos abusivos dos pais com os próprios filhos? A bem da verdade, é praticamente impossível.

Contra mim falo. Vi, e nada fiz. 

E agora estou aqui com este remorso a consumir-me.

2 comentários:

  1. :(
    Arre porra!
    O facto de teres o mini caco lá altera tudo...

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  2. Eu entendo a tua atitude...eu se estivesse na mesma situação, com a minha filha ao lado, teria feito exactamente a mesma coisa.

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Deita cá para fora!