quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A Terra das Cartas.

 

Há cerca de dois ou três meses, tive de fazer um breve desvio no trajeto matinal casa-infantário para  ir aos correios levantar uma carta registada. Foi algo muito rápido e sem grandes alterações à rotina diária já que os correios ficam no mesmo sentido que o colégio de Baby Caco. Ele não fez grandes perguntas e eu também não fui muito além do: "a mamã tem de ir levantar uma carta".

Hoje de manhã, no carro, a caminho da escola:

-"Mamã, tenx de ir buscar uma carta?"

- "O quê? Uma carta?!?"
(Cai-me a moeda. Ele referia-se à dita carta que fui levantar há uns meses).

- "Xim, uma carta".

- "Não, filho, a mamã hoje não tem de ir buscar nenhuma carta... Mas tu querias que a mamã fosse buscar uma carta?"

- "Xiiiiiiiimmmmmm!!!!"

- "E querias que a mamã escrevesse uma carta para ti?"

- "Xiiiiiiiimmmmmmm!!! Uma carta burmelha!!"

- "Uma carta vermelha?!?"

- "Xiiiimmmmm!!!"

- "E onde viste cartas vermelhas?"

- "Na Terra das Cartas".

- "Na Terra das Cartas???!!?"
(Estaciono)

- "Xim. E depois vamos lá buscar as cartas todas que estão debaixo da terra... e xujamos as mãos e depois temos de as lavar...".
(Sai do carro)

- "Mas tu já viste uma carta vermelha?"
(Empurra a porta do colégio e corre pelo corredor)

- "Mas porque é que a carta é vermelha?", insisto.
(Entra na sala a agitar o jipe novo com os bracinhos no ar, para garantir que todos os amigos o vêem).

Não chegou a responder, mas a minha imaginação ainda o ouviu dizer:

"Porque é uma carta de amor, mamã".

1 comentário:

Deita cá para fora!