quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Post lamechas.


Há uns dias deparei com uma expressão que desconhecia: o Síndrome do Ninho Vazio, um sentimento que me parece ter tanto de triste como de encantador. Para quem desconhecia, refere-se ao momento em que os pais têm de aprender a "reformular" e a preencher as suas vidas, depois dos filhos saírem de casa. 
 
Na verdade, passamos a vida a entusiasmar-nos com a sua evolução e a ansiarmos as próximas fases de crescimento. Vibramos com o dia em que já endireita a cabeça, com a primeira vez que gatinha, com o nascimento dos dentes, com a primeira vez que diz mamã (ainda que também o diga quando quer a chupeta ou quando aponta para os ímans do frigorífico), com as primeiras sopas ou com o primeiro aniversário. Temos receio que tropecem, que caiam da cama, que batam com a cabeça numa esquina, que se aproximem das escadas ou das tomadas, que se encostem à lareira ou se entalem ao abrir gavetas. 
 
Temos pressa em vê-los andar, falar, em levá-los à festa de Natal da escola e fazer daqueles vídeos que só os pais têm paciência para ver, em ouvi-los ler e contar, a aprender a nadar, a andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio, a falar inglês, a confessar-nos a primeira paixão, a escrever o primeiro diário. 
 
Até que, um dia, deixam de querer que os deixemos na entrada da escola ou que lhes demos beijos na frente dos amigos.  Rapidamente percebemos que não vão viver eternamente debaixo das nossas asas e estão prontos a descobrir o mundo pela sua própria vontade. Afinal não foi também por isto que os ajudamos a crescer? Para os prepararmos a tomar decisões, a ganhar independência, maturidade e a construir o seu próprio caminho?
 
Devagarinho, vamos passando à retaguarda, e ficamos a vê-los levantar voo com a vida, tal como ficávamos atentos quando sorriam e acenavam no carrossel da feira popular. Quase sem darmos conta, sentimos o coração mais pequenino, só de vê-los partir. Já não temos medo de lareiras, de tomadas ou das escadas, mas vamos continuar, eternamente, a recear que tropecem, que caiam e se magoem.

1 comentário:

  1. como entendo este post... breve breve (daqui a 4 anos... já 4 anos????!!!) o meu sairá de casa e eu nem acredito :(((

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Deita cá para fora!