terça-feira, 9 de julho de 2013

Um homem, um trolha e um bebé

 
A cena que se segue podia fazer parte de um filme, mas não faz. Aconteceu mesmo, em minha casa, ontem ao fim da tarde.
 
Para que se perceba, tenho de explicar que o meu homem tem uma mania da qual não se consegue livrar. Assim que entra em casa - seja meio-dia, três da tarde ou cinco da madrugada - fecha sempre a porta com o fecho interior. Por mim, ele pode fazer isto sempre que quiser, desde que eu já tenha chegado.
 
Como isso não acontece, não são raras as vezes que meto a chave na porta, ela abre 10 cm e depois empanca abruptamente no raio do fecho, o suficiente para me deixar a espumar e a colar o dedo na campainha até ele aparecer.  
 
Ontem, tínhamos combinado que iria lá a  casa um construtor orçamentar uma obra no terraço, por isso, o R. chegou antes de mim. O procedimento repetiu-se, desta vez, com a agravante de que já não pude colar o dedo na campainha, com receio de acordar o bebé. Toquei várias vezes e... nada.
 
Ao fim de 3 minutos, abre a porta, sozinho, e eu, qual mãe leoa, olho para todos os cantos da casa à procura da criança. Não a vejo. Sigo o R. até o terraço e qual não é o meu espanto, quando dou com o bebé, de fraldas, a rir-se, nos braços do trolha.
 
Respirei fundo e esforcei-me por fazer um ar de quem estava a achar aquele cenário absolutamente normal. Baby R., despido, sorria para o trolha que brincava com ele com as mãos cheias de restos de cimento e uma t-shirt com ar de quem chegou directamente da implosão da torre 5 do bairro do Aleixo.
 
Cumprimentei o senhor e só descansei quando consegui ter o bebé ao colo.
 
Eles ali ficaram a conversar sobre o cimento refratário e eu, atónita, a imaginar o momento em que ele lhe passou o Baby R. para as mãos, como se se tratasse de uma caixa de ferramentas: "Olha, agarra aí na talocha, enquanto vou ali abrir a porta". Ao que o trolha responde:"Não te preocupes. Aproveita e, quando vieres, enche a betoneira".   

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