quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O marketing da Lego não dorme.


Parece que a Lego criou uma nova linha a que chamou "Monsters Fighters". Até aqui nada de novo. A grande surpresa é que, num genial golpe de marketing, decidiram criar criaturas inspiradas em figuras públicas portuguesas. Sim, ouviram bem. Ora aqui ficam as mais relevantes:

 
"Fantasminha Sócrates" - Não está no governo, mas, como qualquer fantasma que se preze, continua a atazanar.


"Casal de vampiros Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães" (a ideia inicial era que ele segurasse uma motosserra e ela uma garrafa de Barca Velha, mas não foi autorizada pela administração). 
 
 
"Bruno Carvalhostein", inspirado no presidente do Sporting que ficou com uma grande cabeça, depois do jogo com o Porto.

Ai que isto não se aguenta!

 
Eu sei que este vídeo já correu tudo quanto é facebook, mas não posso deixar de o enfiar aqui também.

Ainda estou para saber como é que esta mãe consegue cantar a música até ao final, sem estrafegar esta criatura de Deus. Mas isto sou eu que até choro a ver o Alf. 

Diz que é Halloween

Eu cá não sei quais são os vossos planos, mas para quem tem sopa para fazer - como é o meu caso - ontem o Pingo Doce tinha abóbora em promoção. Por agora, é só isto.

Buhhh!!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

12 conselhos às futuras mães

 
1 - Aproveitem para reformular a decoração da casa. Depois do bebé nascer, vai ser difícil perceber as diferenças entre a sala de estar e uma creche.
 
2 - Assim que atingirem o 9º mês de gestação, consultem as tendências do ano que vem. Quando derem por ela, já não vão saber se as calças com boca de sino ainda se usam.
 
3 - Leiam tudo o que tiverem para ler e vejam todos os filmes que queiram ver. Nunca mais na vida terão tanto tempo livre.
 
4 - Não comprem peluches para pôr na alcofa do bebé. Antes dos 4 meses podemos levá-los à Eurodisney que eles nem pestanejam. Olhar para o rato Mickey ou para a vizinha do 3º direito, é mais ou menos a mesma coisa.
 
5 - É verdade, vão perder discernimento. As mães acham mesmo que o bebé delas é o mais lindo do mundo.
 
6 - Se o pai mudar as fraldas nos primeiros dias, não se deixem enganar. É a euforia do momento. Depois passa.
 
7 - Não menosprezem a importância da cromoterapia. Em breve, vão perceber que há todo um mundo à volta das cores do cocó.
 
8 - Nunca saiam de casa sem se verem ao espelho. As probabilidades de sairem com restos de papa no cabelo são elevadas.
 
9 - Não comprem sapatos até aos 9 meses. Eles não gostam de ter coisas nos pés e é mais fácil terminar a maratona de Boston do que enfiá-los.
 
10 - Desde que vi marido Caco a pôr o telemóvel no ouvido de Baby Caco e a dizer "Diz olá ao tio Mike", confirma-se que não são só as mães. Os pais também correm o risco de parecer ridículos.
 
11 - Mentalizem-se. Mesmo que não cheguem a amamentar, as vossas mamas nunca mais serão as mesmas.
 
12 - Arranjem espaço no coração. O maior Amor da vossa vida está a chegar.

É dos meus olhos?


Eu sei que o baptizado já lá vai e que a Kate estava linda e fofinha como é habitual, mas já na foto aqui em baixo, sou só eu que vejo uma Super Avozinha com o motorista e um missionário mórmon com um bebé vestido de alforreca?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

E quando se pensa que pior não pode ficar...

 
Passar a noite a acordar de meia em meia hora com Baby Caco a chorar, levantar-me às 6h30 e não dormir mais porque - apesar de o ter adormecido umas cinco vezes - insistia em acordar aos berros, fazer-lhe o biberon e ele dar-lhe uma sarda monumental projectando o leite pelo chão da sala, conseguir, finalmente, adormecê-lo e ver que faltam 15 minutos para o despertador tocar, arranjar-me, tirar o carro da garagem e raspá-lo na primeira coluna que encontrei, constatar que o raio do pneu está outra vez em baixo, sair de casa com a sensação de que não durmo há dois dias, ligar o rádio e perceber que o Miguel Ângelo está decidido a torturar-nos fez uma música para estragar animar o Natal. Se não acreditam, comprovem aqui. Podia ser má, mas, na verdade, é muito pior que isso.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Faço 9 meses!!


- Já tenho 3 dentinhos e um 4º a espreitar;

- Gosto de chuchar na chupeta virada ao contrário;

- Quando me enervo, fecho as mãos com força, arregalo os olhos e solto uns gritos;

- Já dou muitos passinhos agarrado ao sofá;

- A maior parte das noites, adormeço a beber no biberon. Por vezes, acordo a chorar, mas a minha mãe põe-me a chupeta e caio no sono outra vez;

- Se ainda não sabem o que me oferecer no Natal, adoro telemóveis e comandos de televisão;

- Já digo bá-bá-bá e a minha mãe diz que, às vezes, também digo mã-mã-mã, mas o meu pai insiste que nunca ouviu;

- Solto muitas gargalhadas quando me fazem cócegas;

- Já sei estender os braços para pedir colo;
 
- Gosto de ficar de pé, agarrado às grades da minha cama;
 
- Peso 9,830 kg e meço 78,5 cm. A minha médica diz que tenho a altura de um menino de um ano. Não sei bem o que quer dizer, mas a minha mãe diz que assim não levo tareias na escola. É porque deve ser bom.

Esta sou eu.


Hoje, a sair de casa, depois de deixar Baby Caco acordado.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Olha-me este...


Atão o raio do filósofo, que parece que não parte um prato, andava a chegar a roupa ao pêlo da nossa Bárbara? Atão e a mulher com aquele corpanzil, não dava cabo dele num segundo? Ele há coisas que não se entendem... Mas agora, olhando bem, ele realmente tem um arzinho maquiavélico, não tem?

Nem tudo são más notícias.


Logo a seguir ao facto de ser sexta-feira, esta é a segunda melhor notícia de hoje.

Não dá nervinhos?


E gente que diz que já tem os presentes de Natal todos prontos? Aposto que são os mesmos que planeiam o menu semanal numa lista que colam no frigorífico, fazem aqueles cubinhos de gelo com sumo de limão para terem limonada sempre pronta, guardam as coisas na despensa pela ordem do prazo de validade, têm o armário organizado por cores, põem etiquetas nos congelados, escovam os dentes ao bebé desde o momento em que ainda só tem gengivas, sabem de cor os folhetos promocionais do Pingo Doce, enfim... a toda a esta gente só tenho uma coisa a dizer: não querem passar uma temporada lá em casa? 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Teresa, a mãe que também é guerreira.


A Teresa é minha amiga dos tempos de faculdade. Estivemos - pasme-se - quase uma década sem nos vermos e reencontramo-nos há cerca de dois anos. Nesse almoço fiquei a saber que a Teresa também vivia em Lisboa, trabalhava pertíssimo de mim e que tinha dois filhos: o Lourenço e a Maria, uma menina especial.
 
O tempo foi passando e apesar da célebre promessa "agora que nos reencontramos, temos de almoçar mais vezes", acabamos por ir acompanhando as novidades uma da outra pelo facebook. A Teresa viajou, a Teresa, engravidou, a Teresa teve uma bebé, a Teresa fez anos, a Teresa foi de férias, a Teresa está em Bruxelas, a Teresa foi jantar fora com umas amigas e, sem darmos conta, passaram-se dois ou três anos. Até ontem.  
 
Não sei se a Teresa plantou uma árvore, mas, graças ao mesmo facebook, soube também que lançou um livro, a cuja apresentação não pude ir porque estava a rebentar de grávida (sim, eu, entretanto, também fiz alguma coisa). 
 
De maneiras que ontem fiquei a saber da Constança, ela ficou a saber de Baby Caco e falamos deste projecto que é um amor. Chama-se "Maria, a alegria na diferença" e nasceu da necessidade da Teresa procurar avidamente uma forma de explicar ao filho a razão da Maria ser especial. É um livro de amor, feito por amor, e cujas receitas revertem, na íntegra, a favor da Associação Sorriso da Rita
 
Para quem ainda não sabe o que oferecer este Natal, fica aqui a sugestão. É um testemunho lindo de uma mãe que, além de também ela ser especial, é, sobretudo, uma Mãe Guerreira. Parabéns, Teresa.

Estou a chocar.


E não são ovos.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uuve com atenção.


Isto que vêem aqui em cima é o logótipo de um canal de televisão por cabo. Por razões profissionais, falo sobre ele com alguma frequência com parceiros, fornecedores, enfim, com pessoas. Mas vá-se lá saber porquê, a maior parte desta gente não pronuncia o nome do canal correctamente, designando-o, 99% das vezes, como "Moov" (leia-se Muuv). E todas essas vezes eu questiono-me onde é que estas criaturas vêem o segundo "O". Oh gente, mas está assim tão difícil de ver que só está ali um "O"? Um ozinho apenas? Sozinho e abandonado? Se assim é, se calhar é porque se deve ler "Ó", estamos entendidos? Ou, por um acaso, também dizem "vou ali comprar uma uuvelha à Uuvibeja?", ou "Credo, estou a ver um uuvni!", ou até "Está-me mesmo a apetecer um uuvo estrelado!"?
 
Não são poucas as vezes que reformulo questões, só com o objectivo de repetir a palavra MOV (alto e a bom som) na tentativa - sempre frustrada - de que eles me oiçam dizer "MOV", mas não dou dois minutos até repetirem o malfadado "Muuv".
 
Bem, eu sei que isto não interessa nada aos nuuve mil leitores que me seguem, porque aposto que vocês são dos poucos que pronunciam a palavra correctamente, mas, caso conheçam alguém que não o faça, por favor avisem-no. Provavelmente também é daqueles que dizem Lerrói Merline.

Expliquem-me como se fosse uma criança

 
 
... porque é que, estando 22 graus em Lisboa, está toda a gente vestida como se tivesse de enfrentar a maior frente polar dos últimos dez anos?


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aos que me conhecem


... peço o favor de ficarem atentos. Se continuar a deixar queimar panelas a esta velocidade, por favor internem-me num sítio jeitosinho. Agradecida.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Anda uma mãe a criar uma filha...


Ouvido esta manhã, no autocarro, ipsis verbis (eu ia escrevendo no telemóvel enquanto ouvia).
 
Perfil: angolana, pouco mais de 20 anos, magra, cabelo comprido, mini-saia, foguete na meia de vidro, ténis All Star. Falava ao telemóvel com uma amiga.

"É que não imaginas... incendiei a minha garganta... nunca mais bebo na vida... aquilo foi demais... shots de absinto, martini, vodka, espumante, eu sei lá...Vou agora para a faculdade e tenho um olho fechado e a garganta incendiada... ai Joana, aquilo foi o máximo! A partir das 3 da manhã, era a desgraça total... as raparigas quando bebem são sempre piores que os rapazes.. era tudo a dizer quem faz o quê... se era br$%6s, ou min&#es... e parece que os homens que fazem musculação encolhe a p/%)#, sabias disto?... ai Joana, ai Joana... E depois ficaram as três a dormir em minha casa, o pior é que apareceu-me o período e só tenho pensos diários... Quando chegar à Gare do Oriente tenho de ir ao Continente, que isto não dá para nada... Ai, amor, dói-me tanto a cabeça! Dá-me um tiro! Dá-me um tiro! Nunca mais bebo, juro pela minha mãe! Ãh? Dás-me um tiro?? Ai Joana... Olha, vou para a faculdade, mas não vou lá fazer nada... é só mesmo para ver o Rui. Juro que nunca mais bebo! Estou enjoada e dói-me a garganta... Acho que ainda estou bêbeda... Vens ter comigo? Acho que não vou à faculdade...mas vai falando comigo para não ficar sozinha... estou aqui sozinha a chegar à Gare do Oriente. A faculdade que se f%&#. Achas estranho eu ir à faculdade só para ver como é que o Rui vai reagir? Amor, tens copos de plástico? Eu levo aquela bebida energética, compramos um "Ergermaister" (não faço ideia o que seja, foi o que percebi) e bebemos um shotzinho. Aquilo junto sabe a Martini. A sério!"   

De maneiras que é isto. Não tenho visto a Casa dos Segredos, mas aposto que é mais ou menos a mesma coisa. Meeeeeedo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Se um dia um filho meu me faz isto, juro que não me responsabilizo.


Tenho um leão em casa.

 

Baby Caco é um bom garfo. Come de tudo e raramente deixa comida no prato, mas nos últimos tempos tem sido cada vez mais difícil dar-lhe a sopa sem ter de pôr a roupa dele para lavar, a minha, a toalha da mesa, o pano da cozinha, a babete, o carrinho onde está sentado, os azulejos, a porta do frigorífico e o chão da cozinha. As cortinas escapam pela simples razão de que nunca as cheguei a comprar.
 
Para resumir, o que se passa é basicamente isto: enfio a colher de sopa na boca, ele morde-a furiosamente com os 3 dentes que Deus lhe deu, arregala os olhos, fecha os punhos e cerra os dentes no silicone da colher durante, pelo menos, 8 segundos, enquanto eu, com todas as minhas forças, tento arrancar-lha da boca, sempre com pouco ou nenhum sucesso.
 
Quando ele se decide finalmente a largá-la, o resultado é normalmente trágico. E isto vai acontecendo a cada colherada, enquanto eu vou treinando a melhor táctica de lhe enfiar a colher em nanossegundos, de maneira a que ele não tenha tempo de a morder e garantindo, ao mesmo tempo, que a sopa fique lá dentro. Estou a aperfeiçoar a técnica, mas, a avaliar pelo estado em que fica a cozinha, ainda tenho um longo caminho pela frente.
 
Aliás, este é um excelente exercício para aqueles programas idiotas em que os concorrentes tentam fazer coisas tão inteligentes como cantar em cima de um ninho de cobras ou pendurados pelos pés, ao mesmo tempo que lhes lançam flechas para o nariz. É só uma ideia.
 
Mas ontem, enquanto o cenário se repetia, tocaram à campainha. Fui à porta e era o vizinho da frente a avisar que eu tinha o pneu do carro em baixo. Agradeci e segui o rasto de sopa até à cozinha, sem dar importância ao facto de ele ter olhado fixamente para a minha testa. Minutos depois chega Marido Caco. Faz a festa habitual ao bebé e quando olha para mim, diz simplesmente: "Vai-te limpar".
 
É nesta altura que vou ao espelho do wc e percebo porque é que nunca mais ninguém me vai respeitar nas reuniões de condomínio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ideias parvas, mas que lá no fundo até têm graça.

Ao que parece, alguém se lembrou de tirar fotos a bebés no momento em que comem limão pela primeira vez. O resultado foi este:
 












terça-feira, 15 de outubro de 2013

Das oportunidades perdidas


Hoje, ao sair de casa, dou com este coração na mesa do hall de entrada, estrategicamente colocado junto às chaves do meu carro. Estranhei vê-lo ali, uma vez que o lugar dele é pendurado na porta do quarto de Baby Caco.

Vai daí, pensei: "Tu queres ver que me esqueci que faço anos de casamento e isto é uma mensagem subliminar de Marido Caco? Ou será só uma pequena surpresa romântica?". Logo a seguir, pensei: "Estás parva?!? Sabes bem que Marido Caco não é destas coisas!". Mas como era algo tão inusitado, havia um lado de mim - muito descrente é certo - que não conseguia deixar de ponderar a remota possibilidade da idade estar a deixá-lo mais sensível...
 
Como a única solução era tirar isto a limpo, decidi mandar-lhe um sms inócuo e nada tendencioso:
 
- "O que estava a fazer o coração de pano na entrada da porta?" 
 
Nesta altura pensei: "Ele tem duas alternativas: ou aproveita a oportunidade para brilhar e diz que foi um gesto romântico para me mostrar o quanto me ama (mesmo sabendo que não o fez com essa intenção) ou diz que não foi ele".  
 
Resposta: - "Não sei. Estava no chão".
 
E é isto. Impostor, lá isso não é.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Miss Caco não foi, mas analisa.

Ora aqui fica mais uma análise profunda do événement deste fim-de-semana, mais conhecido por Moda Lisboa:

 
Era para trazer o chapéu de um pobre, mas optei pelos sapatos.

 
Ainda bem que cheguei a tempo do baptizado.

 
Mas sou só eu que acho que estes dois estão cada vez mais iguais?

 
Sim, fui mamã há pouco tempo, mas achei bem mais giro vir vestida de avó.
 
 
Desde que descobri estas sandálias ortopédicas nunca mais tive problemas com os joanetes.

 
Eu sabia que as botas que comprei no leilão do guarda roupa das "Bruxas de Eastwick" ainda me iam dar jeito...
 
 
(Vou fazer de conta que não estou a olhar para o tamanho DAQUILO para onde vocês também estão a olhar).


Eu achava que ia para a Eurodisney, depois disseram-me que afinal me levavam para uma festa do Grant´s, mas que, antes disso, ainda dava tempo para passar num encontro motard e dar um salto numa festa sado-maso...
 
 
Era para ficar em casa, mas ele convenceu-me. De maneiras que calcei as botinhas do Inverno de 1998 e acabei por vir.

 
Mandei a candidatura para a Casa dos Segredos, mas como não me aceitaram, vim ver os modelitos. Com sorte, ainda me sento ao lado de algum jogador de futebol.
 

Não fosse estar 4 tamanhos acima e nada disto tinha acontecido.


Não sabia o que vestir. Decidi fechar os olhos e tirar as peças ao calhas do armário. O resultado foi este.


Viemos praticamente vestidas de igual, mas agora vamos sorrir e fazer de conta que somos muito amigas. 
 

A noite em que quase ensandeci



Cenário: Fim de semana em casa dos avós. Baby Caco adormece num quarto que não é o dele.

4h37 – Acorda a chorar. Tento acalmá-lo. Não resulta. Percebe que está num sítio diferente. Olha atentamente para todo o lado. A luz do candeeiro da mesa de cabeceira é bem mais forte do que a luz de presença a que está habituado. Fica deslumbrado com a parafernália de objectos novos e decide encarnar o espírito do Robinson Crusoe.
5h04 – A odisseia continua. Tudo é razão para se distrair. Ponho uma fralda em cima do candeeiro. Assim está melhor. A luz ficou mais ténue, mas ainda suficientemente forte para que uma simples almofadada lhe provoque o mesmo fascínio que uma tartaruga gigante das Galápagos. 

Embalo-o na esperança que adormeça. Nem pensar. Está mais desperto do que um caloiro em noite da queima. Ponho-o na cama com os bonecos que costumo deixar cá ao fim de semana. Fica histérico e percebo que a ideia foi péssima. Só os vê de 15 em 15 dias, por isso deve ter imensa coisa para contar.
Volta para o meu colo. O pijama é de cetim e ele escorrega por mim abaixo. Não há nada a fazer. Deito-o, desta vez, na minha cama. Insiste em levantar-se. Descobre o interruptor em forma de pêra e não o larga. Tem um fascínio por tudo o que se assemelhe a pêndulos. Em casa é igual. Tento escondê-lo com uma almofada mas ele percebe. É ainda pior.

5h22 - Continua  agarrado à cabeceira da cama a mexer em tudo o que as mãos conseguem alcançar. A Volta ao Mundo em 80 dias é coisa de meninos, comparada com o que tem para explorar.Cai. Levanta-se. Volta a cair. Volta a levantar-se. Cai outra vez. Volta a pôr-se de pé.

5h34 – Cheira-me a queimado. É o raio da fralda que está no candeeiro. Tiro-a e enfio-o debaixo da cama. Ele percebe e subitamente descobre que há toda uma galáxia por descobrir, também debaixo da cama. A luminosidade não melhora. Empurro o candeeiro ainda mais para o fundo. Tenho sono. Muito sono. Ele não desarma. Continua a gincana nocturna. Agora a raspar os dentes no metal da cabeceira. Ao menos consola-se.
6h02 - Continua a raspar. E se arranca a tinta e se engasga? Forço-o a descer. Não adianta. Tem de se levantar. Nem que seja a última coisa que faça na vida, mas tem de se levantar. Preciso ir ao wc, mas se o deixo sozinho ele berra. Não aguento. Tenho mesmo de ir. Sento-o na cama dele e vou. Oiço-o a gritar. Faço o que tenho a fazer à velocidade da luz e regresso num sprint  com as calças na mão. Ali está ele, sentado na cama, de lágrima no olho, a fazer beicinho. Quando me vê, levanta-se e  retoma o ar de explorador.
6h23 – Decido ignorá-lo. Finjo que estou a dormir mas vejo-o de olhos escancarados a olhar para mim fixamente. Faço-me de morta. E ele parado, a olhar. Como se estivesse a confirmar se estou ou não a fingir.
 
6h31  – Acredita que estou realmente a dormir e solta um berro agoniante. Desata a chorar. Pego nele. Tento adormecê-lo. E ele a escorregar. O raio do cetim não perdoa. Tira a chupeta da boca e começa a fazer malabarismos, como se dissesse: “olha mãe, agora só com um dedo, olha, agora de uma mão para a outra sem deixar cair, olha mãe, agora presa por uma unha…”. Berros. A chupeta caiu. Tenho de ir ao wc lavá-la, mas como? Vai voltar a gritar. Desisto. Rezo para que estes micróbios sejam inofensivos e que a criatura não me apanhe uma infecção nos próximos 3 anos porque vou sempre achar que foi disto.

7h01 – Deito-o comigo. Olha-me nos olhos enquanto me explora a fronha. Nada o fascina mais do que o interior das minhas narinas. Mentira. O interruptor sim, mas agora já está escondido. Descobre sítios no interior da minha boca que eu nem sabia que existiam. Puxa-me as pálpebras e enfia-me os dedos pelo globo ocular, enquanto me pressiona a glote. Percebo que lhe devia ter cortado as unhas. Nem me mexo. Há-de cansar-se.

7h23 – Nova investida para trepar na cabeceira da cama. Estou  em desespero total, a pensar quando é que isto vai acabar.Tenho sono. Muito sono.

7h41 – Continua de pé. Parece mais calmo. Esfrega os olhos. Pego-o ao colo a ver se adormece. Consigo mantê-lo encostado a mim, mas com a cabeça virada para o espelho. Fica quieto e eu sempre com aquele embalo monocórdico a ver se ele se rende. Vou controlando através do espelho. Não se mexe, mas continua de vigia. Não vá alguém assaltar o acampamento em que, entretanto, aquele quarto se transformou.
7h50 - Olhos esbugalhados. E eu nem mexo.  O braço começa a dar sinais de que não vai aguentar aqueles 10 kilos de gente por muito mais tempo. Mas tem de ser. Agora não posso mexer. Ele encosta a cabeça mais perto. Primeiro sinal de rendição. Rezo aos anjinhos. Continua sereno mas acordado. O meu braço está dormente. Acho que não vou aguentar mais. E se perco as forças e o deixo cair?

8h06 - Cada segundo parece uma hora. O braço já treme e eu de olhos fechados a tentar ir buscar forças não sei bem onde.  Ele boceja. A chupeta cai mas eu apanho-a a tempo e aproveito aquele momento para me sentar na cama e mudar de posição. Alívio. Continua encostado a mim, de olho aberto. Colo o meu rosto no dele e ficamos ali em silêncio. Cabeça dele a deslizar. Beijo-lhe a nuca morna. Ele quieto e eu com os lábios encostados. A respiração cada vez mais lenta e profunda. O despertador do vizinho toca e oiço o barulho dos aviões a descolar. E eu a pensar que bom que não vou lá dentro. Deus queira que não caia nenhum agora. Não vinha nada a calhar.
8h22 – Fechou os olhos. Parece que é desta. Sim. É desta.

Nota: Este lettering é diferente porque o texto foi escrito no computador do meu pai que, vá-se lá a saber porquê, não me permite publicar posts. De maneiras que agora fiz copy/paste e não há forma de conseguir alterar isto... 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Socorro! Marido Caco pensa que é o Gordon Ramsay.


Marido Caco passa horas infinitas a ver o "Masterchef", enquanto se baba compulsivamente. No entanto, para mal dos meus pecados - e apesar de ter centenas, vá... dezenas de qualidades - infelizmente não sabe estrelar um ovo.

Ainda hoje se comenta, nas reuniões de família, o dia em que, em criança, decidiu fazer uma mousse de chocolate e achou que os cominhos assentavam ali que nem uma luva. Procedimento que, sabendo o que sei, não me surpreenderia que voltasse a ocorrer em idade adulta.
 
Mas serve isto para dizer que, lá em casa, as cookies estão para o Monstro das Bolachas, como a gelatina está para Marido Caco. Se há coisa que desaparece à velocidade da luz é esta.

Cansada de ser sempre eu a fazê-la e, no final, comer uma mísera taça porque as outras se escapuliram num piscar de olhos, decidi definir como regra doméstica que quem comesse a última, teria de fazer a próxima. Vá-se lá saber porquê, desse dia em diante, passou a sobrar sempre uma única taça, perdida e abandonada no fundo do frigorífico.
 
Há uns dias, Marido Caco surpreendeu-me e decidiu fazer gelatina pela primeira vez. Pediu-me para sair da cozinha para poder estrafagar cozinhar à vontade e, voilà, qual o meu espanto, quando vejo umas tacinhas de gelatina a reluzir dentro do frigorífico (é certo que as meteu lá dentro a ferver, mas para primeira experiência não me posso queixar).
 
Ontem à noite, enquanto se lambuzava, perguntou se eu queria provar. Olhei para a taça e disse: "Não, obrigada, não me apetece. Fizeste de morango?"

Ele: "Não, é de laranja".

Desconfiada, voltei a olhar e confirmei que a gelatina era realmente vermelha.

Eu: "Não pode ser de laranja. A gelatina de laranja é mesmo cor de laranja, não é dessa cor", insisti.
Ele: "Já te disse. É de laranja, sim senhor!".
Eu: "Isso não pode ser de laranja!! De certeza que te enganaste e misturaste dois pacotes diferentes!".
Ele: "É de laranja!!!. Queres provar??" 

Assim que meti a colher na boca, senti um sabor extremamente doce e enjoativo, com um ligeiríssimo travo a laranja.
 
Eu: "Blhaaccc! Que nojo! É super doce!! Parece xarope... Aposto que fizeste daquelas da marca Continente que já te disse que são uma porcaria. Diz-me já que marca era para não voltar a comprar!"

Pausa.

Eu: "Hummmm? Então? Que marca era?" 

Ele: "Juntei-lhe um bocado de groselha...".