sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Diz que na Aguda o tempo está bom.


A única coisa chata é que estão a controlar os acessos à zona da esplanada. Agora só entra quem tiver sapato branco e os lugares com melhor vista estão reservados para quem levar adereço a combinar. Sei lá, por exemplo, uma etiqueta.

Bem visto. Há que começar a seleccionar ambientes.

#crocsaopoder
#podemosusarcrocsbrancasmesmonãosendoenfermeiros

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Ele há por aqui uma vivalma que pondere mudar de casa?



Pessoas que andais por aí perdidas, à procura de um rumo ou de um poiso para procriar, que virais do avesso sites de imobiliárias - antes isso que o Tinder -, que perdeis tempo em pesquisas no OLX ou a perguntar a amigos: "Ah e tal, a zona onde tu moras é jeitosa?". 

Atenção. Pára tudo. Podem perder tempo com todas as tarefas que mencionei, menos com a de perguntar a amigos. Nenhum amigo vos vai dizer que a zona onde mora não é a melhor escolha que fez na vida. Repito: NENHUM. A não ser que sofra de D.E.S.D, aka, Distúrbio de Excesso de Sinceridade Descontrolada.

Posto isto, se há por aqui mentes que ponderem rumar para a margem sul, ou mesmo aquelas que não ponderem, mas gostem sempre de dar uma cuscada no mercado imobiliário, deixo-vos aqui o link de uma moradia supimpa, onde vivia um casal amigo que garanto a ter tratado com muito carinho, mas que vai mudar de vida e, como tal, aqui está ela lavadinha e disponível para quem pense nidificar na outra margem.

Não vou perder tempo a dizer que tem piscina, parque de diversões, uma sala de condomínio que mete muitos salões de festas num bolso, que fica num lugar altamente pitoresco, que a ponte Vasco da Gama nunca tem filas (nem em hora de ponta) que se come peixe do bom e barato,  que aquilo por aqueles lados é uma qualidade de vida que eu sei lá...

Vá, agora é só cuscarem aqui e mostrarem a amigos. Juro que não tenho comissão. Mas, vendo bem, se calhar até merecia.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Isto é de mim ou...


... a ministra Constança Urbano de Sousa é uma espécie de cruzamento - daqueles mal amanhados, com muitos desníveis no asfalto e cheios de buracos nas valetas - entre a atriz Charlotte Gainsbourg e a atleta Vanessa Fernandes?

Eu sei, querida Charlotte. Bem sei que não mereces isto e estás a par da admiração que sinto por ti, mas foi mais forte do que eu.

Adenda: Acabei de saber que a Constança é irmã de um produtor de cinema. Mais: os nomes Constança e Charlotte começam ambos por "C" e têm 9 letras. NÃO HÁ POR AQUI UMA ALMA QUE FAÇA CHEGAR ESTE POST AO FBI, VALHA-ME DEUS????!!?? 

(...)

Ok. Menos, Miss Caco, menos.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

No que depender do meu filho, o Zoo tem os dias contados.



Sim, querida girafa, bem podes fazer olhinhos que, para mim, - três visitas após - não sobra lugar para dúvidas. 

Bem sei que depois de lerem isto vão achar que sou mãe de uma criatura insensível e sem ponta de compaixão pela fauna e pela flora deste universo - confesso que por ligeiros momentos sinto o mesmo, mas depois passa - o certo é que esta foi a terceira vez que levei Baby Caco ao Zoo e a reacção foi basicamente igual, isto é, estar ali ou numa camionete carreira a caminho de Benidorm, a 15 de Agosto, sem ar condicionado, seria praticamente o mesmo.

A primeira vez tinha 18 meses. Desvalorizei. Achei que ainda não tinha maturidade para interagir com os animais. Riu-se um bocado com os macacos, é certo, mas nada mais digno de registo.

A segunda vez tinha 2 anos e meio. Pensei: Da última vez não vimos o espectáculo dos golfinhos... Desta vez é melhor almoçarmos por lá que aquilo começa às 15h00 e às 14h30 já há fila para entrar...ele vai alucinar!!!

Não. 
Não alucinou. 
A bem da verdade, nem pestanejou. 
Passou o tempo a trepar pela escadaria acima, de costas para o espectáculo, enquanto se entretinha a apanhar paus de gelado e a arrastar o lixo que encontrasse pela frente. Quando chegava lá acima fazia uma festa para olharmos para ele. Fingíamos que estávamos a achar graça, na tentativa de evitar trepar entre os parcos centímetros que separavam a tonelada de povo que continuava histérico a bater palmas ao som da Macarena. A criançada ao rubro e e ele naquele serviço, escada acima, escada abaixo. E nós a rezar para não o perdermos. Golfinhos, esses nem vê-los.

Saímos. Demos umas voltas pelo resto do parque com um entusiasmo semelhante ao dos macacos que íamos encontrando no recinto (foto ilustrativa em baixo). À saída passámos por um jardim, daqueles que têm uns arbustos com caminhos estilo "Alice no País das Maravilhas", onde ele adorou esconder-se e pedir para corrermos atrás dele. Pronto. Estava feito. Fomos, pela segunda vez ao zoo, para basicamente correr atrás do nosso filho. Animais, esses, nem vê-los. 


A terceira vez foi ontem. 

Quatro anos. Ok, agora não há hipótese, ele vai adorar os golfinhos. Vamos cedo para chegar a tempo de conseguir ficar nas filas da frente.

Logo de manhã, ao acordar, começo a criar a onda de entusiasmo

- "Baby Caco, sabes onde vamos hoje????!?!!"

- Onde, mamã?!!?? (Olhos arregalados)

- "AO JARDIM ZOOLÓGICO!!!!"

(Pausa)

(...)

- "AO ABRIGO?!?!?" (eufórico)

Abrigo? Mas que raio de abrigo? Está a falar do quê? Tu queres ver que pensa que vai à Escola de Fuzileiros do Alfeite? Mas ele nunca foi à Escola de Fuzileiros do Alfeite... Bom, deve querer dizer outra coisa qualquer... Será o nome de um animal? Não estou a ver nenhum com um nome parecido com abrigo... Formigo? Não creio... Vou fazer de conta que não percebo e mantenho esta atitude de quem vai à Eurodisney, num avião com o porão carregadinho de gomas....

 - "Isso! Vamos lá!" (há que manter o ritmo).

14h30. Chegámos. Para quê entrar pela bilheteira quando cá fora há todo um um mundo maravilhoso por descobrir, que passa por correr atrás das pombas - essa espécie tão rara de encontrar  - ou então brincar dentro do coreto com uma carrada de crianças que cismam em abrir e fechar a porta, na tentativa de ver quem entala o dedo primeiro?

Lá o convencemos a entrar. Seguimos directos para o espectáculo dos golfinhos. Já sentados, começa a  música. As crianças histéricas. Ele calmo. Estilo: "estou aqui, estou a deslizar o pandeiro por esta escadaria abaixo e ninguém me apanha tão cedo...".

- "Os carrinhos, mamã?" 

- "Que carrinhos, filho?"

- "Os carrinhos... aqueles que estavam lá fora"... (da última vez andámos naqueles carrinhos parecidos com os que há nos shoppings, estacionados mesmo em frente à zona dos golfinhos, enquanto dizíamos adeus a 2 euros por 15 minutos). 

- "Estão estragados. Todos na oficina para arranjar. Não sobrou nem um".

- "Como xabes?"

- "Perguntei ao senhor"

- "Que xenhor?"

- "O que estava lá fora à entrada do parque".

- "Num bi..."

- "Bi eu".

- "Hummmm"....

A música começa a dar-lhe forte. Qual Senhor de Matosinhos. Começam a entrar os leões marinhos, depois os golfinhos. Dão-se as piruetas, os saltos. Ele lá ia rindo de vez em quando, para não fazer desfeita. Palmas, nem vê-las. Mas no fundo, no fundo, o que eu lia nos olhos dele era: "Mas o que estamos aqui a fazer? Para onde vamos? Quanto é que os meus pais se chegaram à frente para eu estar aqui a cagar a baldar-me para esta merda?" (Não, desculpem, isto já era eu a pensar).

Mais meia dúzia de piruetas e duas ou três fanecas pelo ar. Agora acho que é a Shakira. Há pouco era o hino da Nelly Furtado. Aquele que depois de ouvirmos fica três dias na cabeça. Ele a baldar-se. O rabo estrategicamente a escorregar banco abaixo. O olhar fixo na saída.

- "Os carrinhos, mamã?"

Finjo não ouvir. 

Chamam 5 crianças à piscina para lhes cantarem os parabéns. Ele ouve. Continua sem perceber a graça daquilo. O povo canta os parabéns. Uma alegria. Tudo ao rubro. Só faltam confetis e balões pelo ar. Acabam os parabéns.

- "O que é que aqueles meninos estão ali a fajer, mamã?" 

- "Fazem anos, filho. Por isso vão ter a sorte de tocar na pele dos golfinhos".

Não reage. Se tivesse um balão em cima da cabeça, dizia: "sorte, sorte era eu pôr-me a penantes daqui para fora e estou aqui a alombar com isto como se tivesse assassinado alguém".

Não aguentei mais o sofrimento. Tirei-o dali para fora antes do espectáculo acabar. Ele, feliz da vida. Seguimos para ver animais. A maior parte deles a dormir. Sorte a nossa. Outros debaixo dos ramos das árvores, só com o rabo de fora. "Vês, filho? Está ali um tigre! Um tigre! Juro!" (Enquanto pensava, estes gajos são meninos para meter ali um rabo de um peluche velho e dá no mesmo). Os elefantes comiam dentro das casas. Vá lá, viu-se uma tromba a dizer adeus. Leões? Só nos livros. Ursos? Tinham fome. Foram procurar mel. Passarada? Era vê-la a guinchar por todo o lado. A algazarra era tanta que aposto que o Hitchcock dava voltas no túmulo. Macacos? Ok, havia alguns. Todos com um ar de seca ainda maior do que o dele.

- "Olha filho, olha este macaco bebé a olhar para ti!" E estava. Estava mesmo. Ele olhou. O macaco sentado, perna aberta. Desata a fazer xixi. Cinco minutos a rir daquilo. Xixi, Cocó e Cueca estão no Top 3 das palavras com maior teor humorístico nesta fase da vida.

Seguimos caminho. Pouco depois, já exaustos, chegámos à saída. Pronto. O martírio estava a chegar ao fim. Agora só voltávamos quando ele fizesse 18 anos e depois de assinar um termo de responsabilidade.

Subitamente:

- "MAMÃ, MAMÃ, MAMÃ, MAMÃ, MAMÃ!!!!!!!!!" O ABRIGO! O ABRIGO! O ABRIIIIIIIGO!!!!!!!!!!"

Correu desalmadamente como se não houvesse amanhã. O Abrigo estava ali! Ali mesmo! Qual oásis no deserto! À frente dos nossos olhos!!! E inteirinho só para ele!!!

O Abrigo era o arbusto onde ele se tinha escondido da última vez que tínhamos ido ao Zoo. 

O Abrigo era um arbusto. Sim, ouviram bem. Um arbusto. Daqueles que têm um buraco no meio e dá para se meterem lá dentro. 

De repente, tudo fez sentido. 
Ou não.


O Abrigo é este arbusto redondo aqui ao canto esquerdo. Não se vê, mas tem um buraco lá dentro que é das coisas mais divertidas de todos os tempos e galáxias. Dizem... 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

4 anos, 8 meses e 3 dias depois, a pergunta finalmente chegou.


E chegou da forma mais inusitada de todas.

Foi ontem à noite, enquanto o chamava para lavar os dentes e ele, tal como faz todos os dias com o único objectivo de ganhar tempo, diz: "Mas mamã, eu ainda quero comer quauquer coija"

Eu: "Pauzinhos"?

Ele: "Xim, paujinhos" 

Vou à despensa buscar grissinos. Percebo que são os últimos. Amanhã tenho de ir ao Pingo Doce na hora de almoço. Isto sou eu a pensar. Quer dizer, (isto sou eu a pensar).

Dou-lhe os grissinos e sigo para a casa de banho, enquanto ele fica na sala "a acabar de ver os bonecos e a comer os paujinhos", à mesma velocidade que uma tartaruga faz o percurso Gondarém/São Mamede de Infesta, ao pé-coxinho, em dia de chuva, com piso escorregadio.

Dou-lhe 5 minutos até começar a chamar por ele, já da casa de banho, e a ameaçar que amanhã não se vai conseguir levantar e blá, blá, blá, todos aqueles argumentos que as mães usavam connosco e que nós estamos a replicar, porém, com a certezinha absoluta de que não servem para rigorosamente nada, mas antes isso do que agarrá-lo pelos cabelos e enfiar-lhe a escova pela boca a dentro. 

Até porque é capaz de ser contraproducente. 

Minutos depois, entra na casa de banho. Fica parado à porta e diz:

- "Mamã, porque não temos um filhinho?"

(Sinto 5 artérias coronárias a romper ao mesmo tempo)

Eu: "Um filhinho, como?"

Ele: "Sim, um filhinho... um bebé na barriga".

Sai repentinamente, talvez para fazer algo urgente, como, por exemplo, garantir que deixou o carro dos bombeiros dentro da garagem, não vá chover durante a noite.

Entra de novo, minutos depois. Eu sem pinga de sangue, a tentar articular a resposta que lhe vou dar no momento que voltar à carga. 

Opto pela Estratégia de Ataque, pela Estratégia "Vai perguntar ao teu pai" ou pela Estratégia Política?

Escolhi a última: engonhar e disfarçar. E, no limite, mentir. Se tiver mesmo de ser. Se não tiver, mentir na mesma.

Eu: "Vá, vamos lá lavar os dentinhos... olha que giro que é o crocodilo da tua escova!!".

Dou-lhe a escova já com a pasta, ele mete-a na boca e começa a esfregar. Pára segundos depois.

- "Mamã..."

(Medo)

Eu: "Sim..." (com três nós de marinheiro enfiados na traqueia e uma broa de Avintes) 

- "Esta pasta de dentes é delichioja".