terça-feira, 7 de maio de 2013

Crónica de uma noite atribulada



Ontem foi um inferno com cólicas todo o santo dia. Fiz-lhe massagens e o habitual método para o acalmar: ao colo, costas contra o meu peito e fico ali a abanar-lhe as pernas freneticamente, enquanto passeio pela casa. Se pensarmos que o gajo já tem 6 kg, nesta altura eu já deveria ter os braços do Scharzenegger... mas nem isso...
Hoje passou o dia impecável. E eu - santa ingenuidade - a achar que era das massagens e que agora que tinha descoberto o antídoto, estava tudo resolvido. Ao fim da tarde, apesar de não se queixar, voltei a fazer uma massagem, na esperança de ter uma noite descansada. É nesta altura que percebo que se cagou. Maravilha. Vai ser uma noite santa. Abro o body e vejo que transbordou. Foi por pouco. Mais 5 cm e chegava ao pescoço. Toca a mudar a roupa e a meter tudo no bidé para lavar à mão porque este foi de um calibre de meter inveja ao Shrek.

Às 22h abriu as goelas e nunca mais parou. À meia noite, o R. foi-se deitar e eu fiquei com o embrulho nos braços. E o desespero a ganhar terreno. Cada vez que me tentava sentar na cama com ele ao colo para ganhar fôlego (sempre a abaná-lo) ele esticava as pernas e gritava como se lhe estivessem a arrancar os testículos à dentada. Isto durante uma hora. E eu a fazer piscinas no quarto, a abaná-lo como se não houvesse amanhã e a um ritmo que nem sei como não lhe desencaixei uma perna.... e quando parecia que estava a acalmar, lá tentava eu sentar-me novamente e o circo repetia-se...

Felizmente chegou a hora do biberon que habitualmente funciona como  anestésico. Assim que acaba de beber o leite, cai como um tordo. Fico com ele ao colo, canto a mesma música de sempre (cuja letra invento na hora), à espera que arrote, para depois metê-lo na cama, sempre em câmara lenta para o gajo não acordar. Mas ele acorda. E grita. E recomeça tudo de novo. E é nesta altura que me imagino a abrir a porta da sala e a projectá-lo violentamente pelo ar, para cima do nariz do pai. De preferência com a fralda suja. E logo a seguir penso que estou a ficar senil e não posso sentir isso em relação ao meu rico filho. Mas sinto.

Segundo round. Volto a adormecê-lo. Ao fim de meia hora, pouso-o na cama, mais uma vez em câmara lenta. Ele ficou. Quieto. Só respira. Subo o cobertor lentamente e meto-lhe as mãos geladas por baixo do lençol, na esperança que assim fique. Sem mexer. Quietinho. Viro-me lentamente em direcção à minha cama, arrumo as tralhas na mesa de cabeceira para o biberon das 6h e quando me preparo para me deitar, ganho coragem e decido olhar para trás. Está de olho aberto, a gesticular descontroladamente, de braços no ar como se estivesse num concerto da Ivete Sangalo, e a mandar valentes sardas com os punhos no berço. Às vezes ri-se. Dizem que é para os anjinhos. E eu fico a pensar que não. Que ele deve é estar a rir-se para o demónio que entretanto se apoderou de mim.

Nota: Só para dizer que não percebo porque raio este post está todo desformatado.

2 comentários:

  1. Eu tive um cenário semelhante, todas as noites, durante os quase 4 primeiros meses de vida. As malditas cólicas e só bebia leite materno. Acho que fiquei imune aos gritos. Hoje em dia se grita ou chora por outras coisas já levo na boa ;)
    Tudo de bom.

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  2. O que me ri, Caco!
    Conheço tão, mas tão bem esta realidade!
    C-R-E-D-O!

    "Está de olho aberto, a gesticular descontroladamente, de braços no ar como se estivesse num concerto da Ivete Sangalo, e a mandar valentes sardas com os punhos no berço. Às vezes ri-se. Dizem que é para os anjinhos. E eu fico a pensar que não. Que ele deve é estar a rir-se para o demónio que entretanto se apoderou de mim."

    ADORO!
    Parabéns pelo blog e pelo Baby Caco!
    Um beijinho*

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