terça-feira, 15 de julho de 2014

O que cuspi para o ar e que, depois de ser mãe, já me caiu em cima.


É do senso comum que há mil e uma ideias preconcebidas que temos antes de ter filhos e que se desconstroem, como um baralho de cartas, depois de passar pela experiência da maternidade. Não é à toa que alguém criou a expressão: "Quando fores mãe, logo verás".
 
A verdade é que, no meu caso, são muito poucas as questões que me fizeram mudar de opinião. Talvez porque também procurei não criar muitos cenários ou expectativas em torno desta nova fase da vida. Lembro-me que me fazia alguma confusão aquela ideia das grávidas amarem desesperadamente os filhos ainda que só os vissem nas ecografias e sentissem os pontapés, o que, para ser sincera, não aconteceu comigo. Andava feliz, sim, mas dizer que já sentia um amor desmesurado nesta fase, não é bem verdade.
 
No entanto, há uma situação em concreto - talvez a única - em que assumo ter mudado de opinião. Recordo-me de não perceber as mães que não conseguiam ir de férias descansadas com o marido e deixar os filhos com os avós ou algum familiar próximo. Parecia-me evidente que esse seria um cenário ideal, uma oportunidade para descansar, para termos tempo para nós enquanto as crianças desfrutavam da companhia dos avós.
 
Hoje, a bem da verdade, sinto-me incapaz de o fazer. Não porque não confie nos avós, não tem nada a ver com isso, mas simplesmente porque, nesta altura (acredito que mais tarde a minha opinião mude) mas, nesta fase, não imagino ter momentos de lazer sem estar ao seu lado. É como se fosse parte de mim, como um braço, ou uma perna. Sei que se o fizesse não conseguiria desfrutar das férias da mesma forma, simplesmente porque os momentos mais felizes e em que me sinto verdadeiramente completa são passados com ele.
 
As mudanças e as conquistas que Baby Caco está a atravessar nesta fase - a caminho dos 18 meses - são mais que muitas e o facto de passar apenas algumas horas por dia na sua companhia (prefiro nem as contabilizar) já me faz sentir que perco muito deste crescimento. Quanto mais pensar em ficar dias inteiros longe desta criatura que cada vez que sorri me faz sentir a mulher mais feliz do mundo. 
 
Sei que marido Caco partilha da mesma opinião. É verdade que antes de haver um filho já havia um casal, mas nenhum dos dois se sente completo se não o tiver connosco. É quase um sentimento visceral, desmedido e que nos inunda por completo. Estamos esmagadoramente rendidos e apaixonados. 
 
Posto isto, podem chamar-me de lamechas, de mãe-galinha ou do que entenderem, mas não há alegria maior do que vê-lo acordar a sorrir para mim, a correr atrás dos gatos, a apontar sempre que vê um avião, a ficar fascinado com os autocarros que passam na rua, a delirar quando consegue abrir  a torneira do bidé, ou quando anda pela casa a espalhar a água do biberon pelo chão. 
 
Há quem nestas férias sonhe com os dias de praia a apanhar sol, com os fins de tarde a ver o mar, com os jantares de amigos sem horas para vir para casa, com os passeios nas noites quentes, com as manhãs sem despertador e os programas sem hora marcada. Eu também já fui assim. Mas agora só penso nos dias inteiros a amassar aquelas bochechas, em vê-lo a acordar com os olhinhos inchados, em mexer-lhe nos caracóis enquanto adormece, em passear de mão dada com aqueles dedinhos pequenos, em correr atrás dele enquanto o oiço rir sem parar.
 
Não há nada neste mundo que supere a felicidade de estar perto do meu menino. Sim, chamem-me piegas, mas é tão bom que chega a doer.

8 comentários:

  1. Eu ainda não sou mãe mas já acho que não irei conseguir ir para algum lado de férias sem ele/ela. Já defendo que a partir do momento que um casal decide ter filhos, a família aumenta e é normal que as coisas se tornem mais "condicionadas" mas acho que é assim para tudo, mesmo quando um casal decide ir viver junto. Por isso, tentamos aproveitar antes de partirmos para essa aventura que é a maternidade. Há coisas que queremos fazer antes de bebés porque sabemos que não podemos fazer depois, ou pelo menos num futuro próximo depois de bebés.

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  2. Como eu te entendo!
    O Pedro tem que ir para casa dos avós (normalmente uma semana), já não é a primeira vez, sabe bem os primeiros 15 minutos de silêncio, mas depois as saudades falam mais alto!
    Escreveste exatamente o que me vai na alma.
    Beijinho.

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  3. Eu também não o consigo fazer, mas já os deixo ir dormir nos avós e passarem lá um dia ou outro seguido mais do que isso morro de saudades dos meus tesouros.

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  4. Os filhos, tão bons e tão nossos! Também eu já tive outros gostos e outras vontades, outras prioridades, o meu mundo já foi tão diferente... Agora toda eu sou filhos, são os meus olhos, coração e alma. Não há melhor que uma família saudável e feliz :)

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  5. Como eu entendo e comigo passa-se o mesmo; a minha filha fez agora 4 anos e não me vejo sem ela. Piora o facto de vivermos apenas as 2 desde os 7 meses e meio de gravidez, logo tudo se resume a nós :)

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Deita cá para fora!